quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Família Etzel tornou São Paulo menos cinzenta

Filipe Vilicic

Família Etzel tornou São Paulo menos cinzenta
Exposição de fotos homenageia criadores de jardins nos parques do Ibirapuera, da Luz e da Água Branca


A família Etzel deixou a cidade de São Paulo mais verde. Jardins simbólicos, como os dos Parques do Ibirapuera, da Luz e da Água Branca, das Praças João Mendes e da República e da Avenida Paulista foram plantados e cuidados por Antônio Etzel (1858-1930) e seu primogênito, Arthur (1889-1971). Pai e filho arborizaram a capital paulista com jacarandás, fícus, paus-ferro... A partir de sábado, esses pioneiros serão homenageados com a exposição Família Etzel: Construtores do Verde (São Paulo 1901-1971).Veja também: Confira a galeria de fotosA mostra traz mais de 50 fotos do arquivo da família, além de objetos pessoais, 30 sementes de árvores e uma escultura do rosto de Arthur. Estará espalhada por seis salas da Casa do Administrador, no Parque da Luz, no centro - o prédio abrigou os Etzel de 1901, quando foi construído, até 1971.Nascido no Tirol, região que na época, meados do século 19, era austríaca e hoje pertence à Itália, Antônio Ezzel - que mudou o sobrenome para Etzel para facilitar a pronúncia em português - estudou agricultura e veio para o Brasil para trabalhar em Campinas. Sabe-se que em 1886 ele era jardineiro em uma propriedade de João Bierrenbach. Na época, recebeu o imperador d. Pedro II, que visitava oficinas de fundição de seu patrão.De acordo com nota publicada no Diario de Campinas, que estará em exposição, o monarca e o então ministro da Agricultura se impressionaram com as habilidades de Antônio. "O ministro da Agricultura deixou entender que talvez viesse a precisar dos serviços desse profissional para a formação de um centro agrícola neste município", divulgou o jornal. Não se sabe, porém, se o jardineiro chegou a realizar tal trabalho.Datam de 1889 os primeiros registros de Antônio em São Paulo. "Ele se mudou para cá para fugir de uma epidemia de febre amarela que assolava Campinas", afirma a ex-bibliotecária Maria Antonieta Etzel, de 86 anos, neta do patriarca, filha de Arthur e a mais velha descendente da família. Na época, o jardineiro cuidava das plantas e árvores da casa de Veridiana Prado, mãe de Antônio Prado, o primeiro prefeito de São Paulo. "Admirado com os conhecimentos de meu avô, Prado o convidou para cuidar das áreas verdes da cidade", conta Maria Antonieta. Antônio se tornou, então, o primeiro diretor do Departamento de Parques, Jardins e Cemitérios.CASADois anos depois, os Etzel se mudaram para o Parque da Luz, na recém-construída Casa do Administrador. Antônio era casado com Eudoxia Megerus e tinha cinco filhos, quatro homens e uma mulher. Em 1906, com apenas 17 anos, seu primogênito, Arthur, se tornou ajudante do pai. Os dois batalharam para tornar a cidade mais verde. Entre seus feitos, foram os primeiros a transplantar, oficialmente, árvores em São Paulo.Trouxeram grandes jabuticabeiras da região de Osasco para o Parque da Luz. E também ajudaram a construir plantações particulares, doando mudas e sementes para quem pedia. "Eles criaram e cuidaram de todos os jardins da cidade", afirma o biólogo André Camilli Dias, administrador do Parque da Luz. "Resolvemos organizar a exposição para resgatar a memória dessa família, tão importante para os parques paulistanos."Antônio Etzel morreu em 1930, no Hospital Santa Catarina. "Provavelmente de câncer", diz Maria Antonieta, que tinha 8 anos na época. Arthur morava em uma casa no Parque da Água Branca e, com a morte do pai, mudou-se para o Parque da Luz. Viveu lá, com a mulher e três filhos, até 1971, quando foi vítima de um enfarte. "Meu pai morreu trabalhando, no Parque do Ibirapuera, onde teve o ataque", conta Maria Antonieta.A Casa do Administrador foi restaurada entre dezembro de 2006 e julho de 2007 - um investimento de R$ 549 mil, bancado pelo Ministério da Cultura e pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo. Hoje, além de servir de espaço para exposições, abriga a administração do Parque da Luz. Família Etzel: Construtores do Verde (São Paulo 1901- 1971): de terça a domingo, das 10h às 17h; grátis. No Parque da LuzFRASESMaria Antonieta EtzelNeta do patriarca, Antônio Etzel"Ele se mudou para cá para fugir de uma epidemia de febre amarela que assolava Campinas""Admirado com os conhecimentos de meu avô, Prado (Antônio Prado, primeiro prefeito de São Paulo) o convidou para cuidar das áreas verdes"André Camilli DiasAdministrador do Parque da Luz"Eles criaram e cuidaram de todos os jardins da cidade""Resolvemos organizar a exposição para resgatar a memória dessa família"


Jornal O Estado de S. Paulo

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Exposição de Doisneau retrata indústria do automóvel


1934 - Cinco passageiros a bordo de um Vivasport e 1935 - A descida de Saint-Cloud no cabriolet Nervasport

Antes do sucesso internacional, o fotógrafo francês Robert Doisneau (1912-1994), foi funcionário nas linhas de montagem da Renault, de 1934 a 1939. Desde os 22 anos fazendo fotografias, o famoso autor da foto “O Beijo do Hotel de Ville”, que perpetuou o beijo de um casal em frente à prefeitura da Paris (1950), registrou com sua sensibilidade a transformação da indústria do automóvel. A partir do dia 27 de outubro até o dia 6 de dezembro, no Centro Cultural Fiesp – Ruth Cardoso, em São Paulo, serão expostas 106 fotografias na mostra "A Renault de Doisneau - Fotos de Robert Doisneau". A exposição revela registros produzidos por Doisneau em dois períodos em que trabalhou para a montadora francesa. Na primeira fase, como funcionário, o fotógrafo clicou o cotidiano das fábricas, operários e automóveis. Numa segunda fase, de 1946 e 1955, foi convidado a voltar à empresa, já como fotógrafo consagrado, para produzir fotos publicitárias dos principais modelos da montadora. A exposição, que integra as comemorações do Ano da França no Brasil, tem entrada gratuita.




1936 - O cabriolet Vivasport em vitrine da avenida Champs Elysées - Paris e 1935 - Renault Vivasport conversível no Bois de Boulogne, Paris


Serviço: Exposição- A Renault de Doisneau De 27 de outubro a 6 de dezembro de 2009. Local: Centro Cultural Fiesp - Ruth Cardoso / Espaço Fiesp Endereço: Avenida Paulista, 1313 – térreo inferior– Metrô Trianon-Masp Telefone: (11) 3549-4499 Entrada franca

Fonte: Auto Esporte

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Suíça, francês e britânico fizeram Interlagos nascer em São Paulo


Vista aérea de Interlagos na década de 1970 em foto de reprodução do livro 'Autódromo de Interlagos – 1940 a 1980', de Paulo Scali (Foto: Reprodução)


Foto de largada de uma corrida em Interlagos, em imagem cedida pelo ex-piloto Bird Clemente (Foto: Arquivo pessoal)
Suíça, francês e britânico fizeram Interlagos nascer em São Paulo
Bairro na Zona Sul de São Paulo cresceu após criação do autódromo. Interlagos seria uma espécie de resort de luxo dos paulistanos.
Dani Blaschkauer Do G1, em São Paulo
“Se você não conhece Interlagos, você não conhece a Suíça”, escreveu, no século XIX, o compositor alemão Felix Mendelssohn. Suíça? Não seria o Brasil?Mas foi de lá, do país europeu, que Interlagos, bairro da Zona Sul de São Paulo que abriga o autódromo José Carlos Pace, ganhou o nome. Em meados da década de 1920, o engenheiro britânico Louis Romero Sanson, dono da empresa de construção Auto-Estradas, visto como um futurista, planejou a construção de um resort entre as represas de Guarapiranga e Billings. Juntamente com ele entrou na empreitada o urbanista francês Alfred Agache, que acabara de trabalhar no Plano para Remodelação, Expansão e Embelezamento do Rio. E foi justamente Agache quem viu uma semelhança da região sul de São Paulo com Interlaken, na Suíça.

Foto: Arte: G1
Mapa localiza Interlagos na cidade de São Paulo e Interlaken, na Suíça (Arte: G1)
Começaria a nascer, então, o projeto do bairro Balneário Satélite da Capital, ponto que seria criado justamente visando as classes mais ricas da sociedade. Até mesmo uma praia, com areia vinda de Santos, foi criada junto à represa construída menos de 30 anos antes pela Light. “Louis Romero Sanson comprou o terreno onde fez o aeroporto de Congonhas e também passou a lotear os terrenos em Interlagos”, conta o historiador Paulo Scali, autor do livro “Autódromo de Interlagos – 1940 a 1980”. A urbanista e arquiteta Eveline Vieira, que ajudou na elaboração do livro do marido, conta mais. “Foi ele quem fez o aeroporto e também Interlagos. E foi dele a criação da (avenida) Washinton Luís. Ele fez acordo com os donos das granjas que existiam na região e abriu a estrada”, conta ela. “Queriam abrir o acesso a Interlagos para fazer de Interlagos um bairro satélite. Teria um hotel maravilhoso, praia artificial na represa e também teria o autódromo e ainda uma série de outras coisas para as pessoas morarem em Interlagos. Naquela época as pessoas gostavam de morar muito no centro”, completa.

Foto: Arquivo pessoal
Foto de largada de uma corrida em Interlagos, em imagem cedida pelo ex-piloto Bird Clemente (Foto: Arquivo pessoal)
Além de casas, o local também teria centros de lazer e um ginásio esportivo. O plano ia bem até estourar a crise de 1929, nos Estados Unidos, e a revolução de 1932 em São Paulo. Sem dinheiro, o projeto esfriou e só passou a ganhar força no meio da década seguinte. E isto graças ao sucesso que as corridas de automóveis passou a obter no país (principalmente no Rio e em São Paulo). Em 1936, São Paulo recebia a sua primeira prova internacional, mas o circuito foi as próprias ruas da capital. E após a (má) repercussão do acidente da piloto francesa Hellé-Nice, que perdeu o controle de seu Alfa Romeo e atropelou e matou cinco pessoas e feriu mais de 30, Interlagos voltou a ganhar a atenção. O trágico acidente e ainda a paixão pelo automobilismo não deixaram morrer a necessidade de a cidade ter um autódromo. Tendo o Automóvel Clube do Brasil como co-responsável na elaboração do projeto, Sanson priorizou a criação e construção do circuito de Interlagos, em um traçado que fez inspirado nas pistas de Indianápolis, nos Estados Unidos, Brooklands, na Inglaterra, e Monthony, na França.Em 12 de maio de 1940, era inaugurado, não 100% completo, o autódromo com 7.960 metros de extensão. O circuito fechado da cidade, rodeado por mata e sem banheiro, recebia sua primeira prova. De 1972, ano em que aconteceu a primeira prova de F-1 no país, até 2008, Interlagos só não recebeu uma prova da modalidade em dez oportunidades, anos em que o campeonato foi realizado em Jacarepaguá, no Rio. Em 1990, o circuito foi reduzido a 4.309 metros por exigências da Federação Internacional de Automobilismo.

Foto: Dani Blaschkauer/G1
O ex-piloto Bird Clemente (Foto: Dani Blaschkauer/G1)
“O autódromo fez o bairro crescer. Virou um atrativo imobiliário para a região. O bairro ficou famoso por conta do autódromo”, diz o ex-piloto Bird Clemente, de 70 anos. “Sou o cara que mais correu lá (em Interlagos)”, completa ele, que conta que, para chegar em Interlagos 40 anos atrpas, era necessário dar uma volta por São Paulo. “A gente cortava pelo Morumbi e pegava a então estrada velha de Santo Amaro. Mas se hoje São Paulo tem mais vias de acesso, por outro lado tem muito mais trânsito. Eu acho que o tempo para se chegar do Pacaembu, onde eu morava, até Interlagos é o mesmo”, concluiu o ex-piloto. Pelo jeito, parafraseando o compositor alemão, quando foi criado, se você conhecia Interlagos, você conhecia também boa parte de São Paulo. Já hoje, o que você conhece mesmo é o congestionado trânsito da maior cidade do país.
Globo.com

Ruas de Interlagos contam a história do automobilismo nacional



Foto de largada de uma corrida em Interlagos, em imagem cedida pelo ex-piloto Bird Clemente (Foto: Arquivo pessoal)


Ruas de Interlagos contam a história do automobilismo nacional


Pioneiros das corridas de automóveis dão nome a ruas do bairro. Autódromo faz homenagem ao piloto José Carlos Pace.Paulo Guilherme Do G1, em São Paulo A história dos primórdios do automobilismo nacional pode ser contada pelos nomes de ruas que ficam próximas ao Autódromo de Interlagos. Avenida José Carlos Pace e Praça Enzo Ferrari são apenas alguns dos exemplos dos nomes de logradouros da região do circuito onde neste domingo (18) será disputado o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1. A maioria das ruas, no entanto, faz homenagem a pilotos que disputaram corridas nas décadas 40, 50 e 60. Muitos morreram tragicamente em acidentes durante corridas de carros e motos.Foto de largada de uma corrida em Interlagos, em imagem cedida pelo ex-piloto Bird Clemente (Foto: Arquivo pessoal)O autódromo de Interlagos recebeu a sua primeira prova no dia 12 de maio de 1940, com uma pista com 7.960 metros de extensão. O vencedor daquela corrida foi o piloto Artur Nascimento Júnior, que hoje dá nome a uma das ruas que ficam na região atrás do muro da reta oposta do circuito e vai até a estação Autódromo da CPTM. Em uma série de pequenas ruas interligadas, as placas indicam nomes como os de Manuel de Teffé, um dos pioneiros do automobilismo brasileiro; Américo Cioffi, que morreu em um acidente na “curva 3” de Interlagos; Djalma Pessolato, morto em 1957 após atropelar um cavalo durante as Mil Milhas Brasileiras; e Primo Forense, piloto que conseguiu a carteirinha número 1 do automobilismo nacional fornecida pelo Automóvel Clube Brasileiro. Conheça a história do bairro de Interlagos Os irmãos Nicola e Victor Losacco, que disputaram provas no início dos anos 60, e Querino Landi, irmão do famoso piloto brasileiro Chico Landi, também dão nomes às ruas da região. saiba mais Dono de imóvel com visão da pista de Interlagos tem 50 reservas para domingo Do outro lado do Autódromo, na entrada principal, o mapa traz a Avenida José Carlos Pace, que leva o nome do piloto brasileiro que ganhou o GP do Brasil de Fórmula 1 de 1975 e morreu dois anos depois em um acidente de avião. Em 1985, o circuito de Interlagos ganhou o nome de Autódromo José Carlos Pace em homenagem ao piloto. Também próximo à entrada principal está a Praça Enzo Ferrari, que leva o nome do fundador da famosa escuderia italiana. Já o tricampeão mundial Ayrton Senna é homenageado na região dando nome ao kartódromo que fica dentro do complexo do autódromo de Interlagos. Senna, que morreu em 1994, também dá nome à antiga Rodovia dos Trabalhadores, na Zona Leste, e a um Complexo Viário na região do Ibirapuera, na Zona Sul.
Globo.com