terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Grafite com a imagem de Pelé toma conta da Avenida Paulista
domingo, 27 de dezembro de 2009
Aquário de São Paulo é todo dividido por temas e biomas brasileiros
Aprecie as belezas do Jardim Botânico de São Paulo
Museu de Arte Sacra tem dez mil peças históricas da diocese de São João da Boa Vista
Conheça o aquário subterrâneo que existe no Jardim da Luz
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
O rei nascido na choupana
Presépio: convite à imaginação cordial.
Domingos Zamagna - 20/12/2009 - 18h42
A representação plástica que evoca a natividade de Jesus não vai além de uma rude manjedoura, quiçá uma tosca pousada de migrantes na beira da estrada, pouco importando o número de personagens envolvidos e se os fatos correspondem mais ou menos à realidade.
O presépio não é uma exibição cerebrina, não é um boletim de ocorrência, não é para convencer qualquer erudito, ou justo, ou puro: só convence a quem tiver o espírito da humildade, da hospitalidade, da sabedoria dos pequenos.
É um convite à imaginação cordial: não de um coração de pedra, mas um coração de carne, como ensinou Ezequiel (36,26); um coração contrito, como reza o Salmo (51,19).
Longe da estridência, usa a linguagem da simplicidade, da intimidade, da entrega, do acalento do amor. Será que me lembro da última vez que isso aconteceu comigo, de verdade?
É para ser contemplado segurando a mão de crianças, dos velhinhos, da mulher ou do homem amado, apoiando-se nos ombros dos amigos, em sintonia com a reverberação da vida.
Não é para ser visto às pressas, é para ser saboreado ao som do cântico do silêncio, sentindo a pulsação da prece. Terei vergonha se verter uma lágrima que limpe os olhos da minha fé?
"Quando um profundo silêncio envolvia o universo,
e a noite estava no meio do seu curso, a vossa Palavra onipotente, Senhor,
desceu do céu, do vosso trono real."
(Da liturgia do Natal, cf Sb18,14-15)
" Não temais!
Eis que vos anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo:
Nasceu-vos hoje um Salvador,
que é o Cristo-Senhor, na cidade de Davi.
(Lc 2,10-11)
A devoção à infância de Jesus existe desde o berço da Igreja. O centro da devoção foi sempre o lugar do nascimento, Belém de Judá. Salvo em períodos de perseguição, peregrinos de todas as partes da cristandade afluíram a Belém e de lá levavam troféus que lhes evocassem o Menino Jesus, sua mãe Maria e seu pai José.
Não bastando a veneração aos troféus, os cristãos começaram a construir capelas imitando a gruta de Belém. A basílica de Santa Maria Maior, em Roma, conserva uma singela construção do século V conhecida como Sancta Maria ad Presepe.
Numa magnífica simbologia, muito cedo se deu a aproximação entre o altar e a creche natalina. Com efeito, Belém significa, em hebraico, "casa do pão"; Jo 6,41.51 chama Jesus de "pão vivo". Os Santos Padres não negligenciaram essa fonte de inspiração. S. Gregório de Nissa, por exemplo, compara os cristãos aos animais que, para se nutrir, dirigem-se à manjedoura. S. João Crisóstomo afirma que "este altar funciona como uma manjedoura".
Numerosos autores repetirão que na creche ou em Belém o pão vivo se oferece aos homens, como na Eucaristia sobre o altar. E os artistas, em suas Natividades frequentemente representam o Menino deitado sobre o altar.
O símbolo entre Eucaristia e o berço certamente inspirou S. Francisco de Assis quando ele celebrou a festa do Natal em Greccio (Úmbria, Itália), em 1223. Daí certamente derivam as representações que até hoje conservamos nas confecções dos presépios.
No meio de um bosque o Poverello encontrou uma escavação em forma de gruta, em que ele colocou uma manjedoura com o jumento, o boi e o feno. Ainda nenhuma imagem da Virgem, do Menino e de José. Os participantes da cerimônia completaram com sua criatividade a composição dramática da cena do nascimento do Salvador. Em cima da manjedoura celebrou-se a Missa e aos poucos o altar provisório foi substituído por um definitivo.
Nenhum documento registra se essa solenização foi renovada por S. Francisco ou por seus filhos e filhas espirituais. A Legenda de Santa Clara narra que a santa, doente, impedida de participar dos ofícios litúrgicos natalinos, teria tido uma visão das representações. Não foram, contudo, os franciscanos, mas sim os jesuítas, que divulgaram essa versão de Francisco de Assis como o iniciador da devoção ao presépio.
Da península itálica essa devoção se estendeu para toda a Europa e durante toda a idade média teve forte aceitação na península ibérica, de onde nos veio a tradição portuguesa das singelas e artísticas lapinhas.
Na cidade de São Paulo, temos encantadoras reproduções de presépios, desde os expostos no Museu de Arte Sacra (como o imenso, variado e até divertido "presépio napolitano"), até a impressionante e cada vez maior coleção de presépios do mundo inteiro expostos nessa época do ano pelos frades franciscanos no Convento São Francisco, no centro da capital.
Nas palavras de Tomás de Celano, biógrafo de São Francisco, aquela celebração era realmente nova, "um novo mistério... uma nova alegria. O Menino Jesus estava esquecido nos corações de muitos... Francisco o ressuscitou".
Santo Natal de alegria e paz!
Domingos Zamagna é jornalista e professor de Filosofia em São Paulo.
Pelos becos da jovem São Paulo
Becos de São Paulo resistem ao tempo.
Valdir Sanches - 20/12/2009 - 19h49
Andrei Bonamin/Luz
Beco do Pinto, próximo ao Pátio do Colégio, no Centro: um sobreviventeNos primórdios de São Paulo, com frequência alguém estava num beco sem saída. Não era força de expressão. A cidade se expandira sem qualquer planejamento, sobre terreno por si só difícil, acidentado. Caminhos e estradas viravam ruas. Destas partiam vielas que geralmente não ligavam om outras vias. Muitas, morriam subitamente. Tais eram os becos.
Beco do Inferno, da Cachaça, dos Cornos, do Mata Fome, dos Mosquitos, das Sete Voltas, do Barbas, entre inúmeros outros. Havia também os que indicavam origem e destino. Beco que vem do Campo da Forca, a subir pela Misericórdia. Beco que, de Santa Tereza, vai ao Tamanduateí.
Outro era o Beco junto ao portão do coronel Francisco Xavier dos Santos, que finda na ponte do Lorena. Havia um de pequena extensão, mas pomposo. Será que algum morador se referia a ele pelo nome completo? Beco que vai da rua da cadeia velha para o palácio dos ilustríssimos e excelentíssimos governadores.
O Beco das Bexigas "descia direto da Rua de São Bento para a Ponte do Anhangabaú", como se lê na obra "Dinâmica dos Nomes na Cidade de São Paulo, 1554-1897", de Maria Vicentina de Paula do Amaral Dick, de onde foram extraídos dados para esta matéria. O beco nada tinha ver com o Bairro do Bexiga, hoje Bela Vista, que, naquela época (1726), ainda não existia.
Sumiram – A urbanização da cidade deu fim aos becos. A maior parte sumiu. Outros viraram travessa. O Beco do Inferno tinha apenas um quarteirão, entre duas ruas: a do Comércio, hoje Álvares Penteado. E a do Rosário, que depois seria da Imperatriz - hoje Quinze de Novembro.
Por que Beco do Inferno? O Departamento do Patrimônio Histórico, DPH, da Prefeitura, anota esta explicação, dada por Byron Gaspar: "Um lugar imundo, esburacado, escuro e mal frequentado. Ninguém podia nele transitar sem o necessário cuidado, tamanha era a sujeira que havia em toda a sua extensão".
Em 1865, o nome foi mudado oficialmente para Travessa do Comércio. Ligava duas ruas, realmente estava mais para travessa do que para beco. Hoje, é a rua do Comércio.
Camelôs – O Beco da Cachaça ficava ali bem perto. Era um pequeno trecho da rua do Cotovelo, que a população começou a chamar de rua da Quitanda, seu nome atual. Nesta rua, mulheres ancestrais dos nossos camelôs vendiam miudezas e comida. No trecho do antigo beco, a pedida era a cachaça.
Quem era o Barbas, que dava nome a um beco próximo ao Colégio dos Jesuítas (hoje Pátio do Colégio)? Era um barqueiro que vivia nas imediações da ladeira que descia para o rio Tamanduateí. O rio, naquela época, antes de ser retificado, corria ao lado da hoje rua 25 de Março.
A ladeira era conhecida como Beco do Barbas, mas também do Quartim (dono de uma chácara próxima) e da Barra. Mais tarde, recebeu o nome de Porto Geral de São Bento. Ali atracavam barcos com mercadorias trazidas das fazendas que o Mosteiro de São Bento possuía em São Caetano. Por fim, o antigo beco recebeu o nome que chegou aos nossos dias: Ladeira Porto Geral.
Sobreviventes – O Beco do Pinto é um dos três únicos, na região central, que resistiram ao tempo. Outro é o Beco do Piolim. Nasce no Largo Paissandu e morre nos fundos do prédio dos Correios (que tem frente para o Vale do Anhangabaú). Na década de 1930, Abelardo Pinto, o palhaço Piolim, armava seu circo no largo, na esquina com o beco. Em 1975, dois anos depois de sua morte, o beco recebeu seu nome.
Boulevard – Hoje moram ali famílias, em prédios de apartamentos. Há algum comércio, como um restaurante para moradores de rua, a preços muito baixos. E uma pequena empresa de artigos de silicone. Há anos existe um projeto que pretende transformar o beco em um boulevard, com passagem para o prédio dos Correios. Até hoje, nada foi feito.
Enforcados – O Beco dos Aflitos é outro dos três sobreviventes. Fica na Liberdade, com entrada pela rua dos Estudantes. Leva à pequena Capela dos Aflitos, de 1779. Um quarteirão acima da capela fica a Igreja de Santa Cruz dos Enforcados. Esse quarteirão continha o Cemitério dos Aflitos, onde sepultavam-se os escravos e os condenados à forca.
Avenida Paulista é uma das regiões da capital mais decoradas para o Natal
Antena Paulista visita igrejas pouco conhecidas na capital
Nova Luz
R$ 1,2 bi e 36 ações em 12 anos: e não se vê a cracolândia virar Nova Luz
Governos seguem apostando no sucesso a longo prazo de projetos pontuais; experts cobram trabalho integrado
Bruno Paes Manso e Rodrigo Brancatelli
Como se aplicassem pequenas agulhas de acupuntura em um corpo debilitado, a Prefeitura e o governo do Estado lutam contra a degradação do centro paulistano com ações pontuais, espalhadas, esparsas e, pelo menos até agora, controversas. Na sexta-feira, foi lançada mais uma dessas operações - a licitação da Nova Luz, que pretende redesenhar uma área de 23 quadras e, assim, espalhar os benefícios pelo restante da região central. Será a 36ª intervenção em pontos culturais e turísticos no centro da cidade desde 1998. E mesmo assim, depois de tantas agulhadas e com um investimento público total de R$ 1,2 bilhão até 2010, ainda existe um abismo entre o centro sonhado e o centro real visto em uma noite qualquer.Nesses quase 12 anos de projetos para o centro, São Paulo já gastou nos 26 quilômetros quadrados da região o equivalente a 13 quilômetros do Metrô ou 60 Centros Educacionais Unificados (CEUs). Ainda assim, nessa área, Sala São Paulo, Pinacoteca, Parque da Luz e Mercado Municipal funcionam como ilhas isoladas no centro da cidade, pequenos bunkers rodeados por ruas escuras e sujas, prédios degradados, comércios decadentes e consumidores de crack.Para os governos municipal e estadual, o caminho está correto e a intenção é continuar apostando em diversas ações localizadas (como, por exemplo, a construção de um teatro de dança por um arquiteto estrangeiro renomado, a reforma da Biblioteca Mário de Andrade, a revitalização do Parque Dom Pedro II ou mesmo a Nova Luz), para servir de acupuntura - a intenção é que as boas ações se espalhem pelos quarteirões em volta. Especialistas, no entanto, apontam que grande parte das obras do passado falhou por não estar incluída em um plano mais coordenado e integrado. A acupuntura foi feita, mas sem antes ter sido feito um check-up completo."O centro é um conjunto de partes que não formam um todo. Falta uma visão de conjunto capaz de costurar os investimentos e criar um conceito capaz de fazer a região renascer", afirma o arquiteto Roberto Loeb, autor de projetos como o Centro de Cultura Judaica. A ideia de irradiar desenvolvimento por meio de investimentos pontuais teve início em 1998, durante o governo Mário Covas (PSDB), com a restauração da Pinacoteca, feita pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha. No ano seguinte, entrou em funcionamento a Sala São Paulo. Apesar do sucesso que tiveram na agenda cultural da cidade, as duas apostas não causaram o impacto urbanístico esperado na vizinhança.Na gestão municipal de Marta Suplicy (PT), em 2004, a revitalização do centro ganhou outro rumo a partir do financiamento de US$ 100 milhões pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para uma série de projetos que se espalhavam por diversos pontos, como a região do Parque Dom Pedro II e do Mercado Municipal, apostando no incentivo à moradia popular na região.Durante as administrações de José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM), os rumos voltaram a mudar. O princípio da acupuntura ganharia uma nova escala. A ideia era criar um grande projeto urbano para mudar o perfil de 218 mil m² da região da Nova Luz e atrair o interesse da população para o local. Os cinco consórcios que concorrem na criação do projeto foram conhecidos na sexta-feira. No fim do ano que vem, caso tudo corra dentro do esperado, a proposta ganhadora será licitada para que a iniciativa privada inicie os investimentos na região. "Para obter sucesso é fundamental que haja um projeto que seja também do interesse do mercado, já que são os empresários que terão de investir na execução das obras. Se isso ocorrer, creio que as áreas vizinhas também serão contempladas", afirma o arquiteto e urbanista Cândido Malta.COORDENAÇÃOSomente em desapropriação de terrenos, o mercado imobiliário estima que seja necessário investir pelo menos R$ 200 milhões. "Mesmo com um bom projeto, a expectativa do mercado imobiliário não é ganhar dinheiro com os investimentos da Nova Luz, mas com o retorno que pode vir a partir do desenvolvimento e do interesse nas regiões vizinhas", completa o empresário Cláudio Bernardes, vice-presidente do Sindicato da Habitação (Secovi).O secretário municipal de Desenvolvimento Urbano, Miguel Bucalem, afirma que a coordenação e a costura das obras no centro vêm sendo feitas pela pasta. "Existem investimentos âncoras e eles são importantes para estimular o desenvolvimento do entorno", diz Bucalem. "Mas o projeto do centro é mais amplo e não se restringe à Nova Luz. Basta ver todos os investimentos espalhados pela área da Subprefeitura da Sé."
O Estado de S. Paulo de 21 de dezembro de 2009
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Itaberaba tem seu dia
Kassab acaba de sancionar projeto de lei do vereador Claudinho que cria a data de comemoração do bairro
Renatto d Sousa
Uma das preocupações do vereador Claudinho é preservar a memória dos bairros de São Paulo
Preservar a memória dos bairros é uma proposta do vereador Claudinho (PSDB) e, nesse sentido, apresentou projeto de lei criando o Dia do Bairro de Itaberaba, que o prefeito Gilberto Kassab acaba de sancionar e transformar na Lei 15.062. A data será comemorada anualmente no dia 9 de março, tendo como referência de fundação o ano de 1938, data em que o loteamento foi registrado com o número 4 no Registro de Imóveis da 2ª Circunscrição, na Capital de São Paulo. Em 2010, portanto, Itaberaba poderá comemorar seus 72 anos de existência.Em sua justificativa, o vereador citou pesquisa feita pelo jornalista Célio de Araujo e publicada no jornal Freguesia News, onde foi contada a história do loteamento Itaberaba – que é o bairro de ligação entre a Vila Brasilândia e a Freguesia do Ó. Veja o diz:
O loteamento Itaberaba é um dos mais antigos da região da Freguesia do Ó e foi loteado a partir de 1938, e insere-se no processo de urbanização maciça da capital, ocorrido a partir da ocupação da periferia, com a reurbanização do centro, propiciada pelo prefeito Prestes Maia, com a construção das grandes avenidas, tais como: São João, Duque de Caxias, Ipiranga. Isto só foi possível com a demolição de grande parte dos cortiços e moradias modestas do centro, tangendo a população mais pobre para loteamentos populares como o Itaberaba, e posteriormente para o de Vila Brasilândia e outros.Apesar de iniciado em 1938, foi apenas a partir do advento do loteamento Brasilândia (de 1947) que o mesmo foi ocupado integralmente – principalmente na sua ponta mais longe da Freguesia do Ó. O Itaberaba foi um loteamentos que tem um formato diferenciado, pois acompanha e ladeia a Rua Parapuã, da Igreja de Itaberaba até o ponto final da Vila Brasilândia.Recebeu na sua formação migrantes advindos da seca em estados nordestinos (na década de 40) e também por famílias advindas de outras localidades do Brasil e do interior de São Paulo, além de imigrantes europeus – todos vieram para São Paulo em busca de novas oportunidades de trabalho, devido principalmente à industrialização que ocorria na capital.
Câmara Municipal de SP
'JAGUARÉ', Alunos ''historiadores'' resgatam memória de bairro paulistano
Alunos ''historiadores'' resgatam memória de bairro paulistano
Crianças coletaram informações sobre suas origens e transformaram relatos em livro e vídeo sobre o Jaguaré
Renato Machado
A primeira missão das crianças da Escola Estadual Henrique Dumont Villares foi descobrir a origem de seus nomes. As descobertas continuaram com a história de vida de seus pais, principalmente o "quando, como e por que" foram parar onde estão. Depois, eles saíram às ruas para entrevistar os moradores e todo o material foi reunido na tentativa de preservar a história do Jaguaré, bairro da zona oeste de São Paulo.Cerca de 300 crianças da escola fazem parte do programa Comunidade Educativa, da Fundação Bunge. As atividades foram realizadas em 18 cidades de nove Estados diferentes. Participaram cidades como Uberaba (MG), Gaspar (SC), Ipojuca (PE) e Uruçuí (PI). Na capital paulista, além do Jaguaré, participaram também crianças entre 8 e 11 anos da Vila das Belezas, na zona sul. "O objetivo é fazer com que essas crianças conheçam a história de seus bairros e se sintam pertencentes a ele. E isso faz com que a memória seja preservada", diz a coordenadora do projeto, Juliana Santana Novaes.Todo o material reunido foi apresentado ontem em uma sessão com cinco filmes e com o lançamento de livros com a história do bairro do Jaguaré, tudo produzido pelos alunos. O projeto começou no início do ano com a formação didática dos professores para que pudessem trabalhar com as crianças questões, como a identidade, que depois veio a ser trabalhada nas salas de aula."Nós conseguimos trabalhar a questão de identidade até com matemática, com o tamanho delas desde o nascimento até hoje", diz a professora Lara Borges Nunes.Mas a parte que os alunos mais gostaram foi ir a campo e conversar com pessoas mais velhas, que contaram a história do bairro. Os relatos de Luiz Domingos, de 81 anos, mostraram um Jaguaré com poucas casas e muito mato. Muitas estradas até pouco tempo atrás eram de terra, o que formava um grande lodaçal em dias de chuva. "Era muito diferente. As ruas eram mais tranquilas e não tinha tanta violência. Mas também é bom sair caminhando hoje pelas ruas e ver como o bairro melhorou, com ruas asfaltadas e com mais ônibus."Os alunos passaram uma manhã ouvindo as história de pessoas como Luiz Domingos e Luiz Apel, de 80 anos, que contou que precisava alguns dias ir de barco para o centro, pegava rã no mangue como diversão e que por muitos anos foi goleiro do time do Jaguaré. O bairro era cortado por uma linha férrea, onde os trens faziam manobras para retornar. Por isso, os ônibus para o bairro chegavam a ficar parados até uma hora, conta Luiz Domingos. Essas histórias foram captadas pelos alunos, que registravam o que achavam mais curioso."É engraçado saber que meninos e meninas antes tinham de estudar em horários diferentes", conta Ana Carolina Marques Ribeiro, de 11 anos. Ela foi uma das responsáveis por reunir o material para um livro de toda a turma.Além dos relatos em texto, alguns alunos menores transformaram o que ouviam em desenhos. Uma produtora pegou o material e fez animações para cinco filmes de curta-metragem, que foram apresentados na tarde de ontem no salão paroquial da Igreja São José para os personagens, pais e para os jovens autores. FRASESJuliana Santana NovaesCoordenadora do projeto"O objetivo é fazer com que essas crianças conheçam a história de seus bairros e se sintam pertencentes a ele"Lara Borges NunesProfessora"Conseguimos trabalhar a questão de identidade até com matemática, com o tamanho delas desde o nascimento" Ana Carolina M. RibeiroEstudante"É engraçado saber que meninos e meninas tinham de estudar em horários diferentes"
O Estado de S. Paulo de 18 de dezembro de 2009