sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

'JAGUARÉ', Alunos ''historiadores'' resgatam memória de bairro paulistano



Alunos ''historiadores'' resgatam memória de bairro paulistano
Crianças coletaram informações sobre suas origens e transformaram relatos em livro e vídeo sobre o Jaguaré
Renato Machado

A primeira missão das crianças da Escola Estadual Henrique Dumont Villares foi descobrir a origem de seus nomes. As descobertas continuaram com a história de vida de seus pais, principalmente o "quando, como e por que" foram parar onde estão. Depois, eles saíram às ruas para entrevistar os moradores e todo o material foi reunido na tentativa de preservar a história do Jaguaré, bairro da zona oeste de São Paulo.Cerca de 300 crianças da escola fazem parte do programa Comunidade Educativa, da Fundação Bunge. As atividades foram realizadas em 18 cidades de nove Estados diferentes. Participaram cidades como Uberaba (MG), Gaspar (SC), Ipojuca (PE) e Uruçuí (PI). Na capital paulista, além do Jaguaré, participaram também crianças entre 8 e 11 anos da Vila das Belezas, na zona sul. "O objetivo é fazer com que essas crianças conheçam a história de seus bairros e se sintam pertencentes a ele. E isso faz com que a memória seja preservada", diz a coordenadora do projeto, Juliana Santana Novaes.Todo o material reunido foi apresentado ontem em uma sessão com cinco filmes e com o lançamento de livros com a história do bairro do Jaguaré, tudo produzido pelos alunos. O projeto começou no início do ano com a formação didática dos professores para que pudessem trabalhar com as crianças questões, como a identidade, que depois veio a ser trabalhada nas salas de aula."Nós conseguimos trabalhar a questão de identidade até com matemática, com o tamanho delas desde o nascimento até hoje", diz a professora Lara Borges Nunes.Mas a parte que os alunos mais gostaram foi ir a campo e conversar com pessoas mais velhas, que contaram a história do bairro. Os relatos de Luiz Domingos, de 81 anos, mostraram um Jaguaré com poucas casas e muito mato. Muitas estradas até pouco tempo atrás eram de terra, o que formava um grande lodaçal em dias de chuva. "Era muito diferente. As ruas eram mais tranquilas e não tinha tanta violência. Mas também é bom sair caminhando hoje pelas ruas e ver como o bairro melhorou, com ruas asfaltadas e com mais ônibus."Os alunos passaram uma manhã ouvindo as história de pessoas como Luiz Domingos e Luiz Apel, de 80 anos, que contou que precisava alguns dias ir de barco para o centro, pegava rã no mangue como diversão e que por muitos anos foi goleiro do time do Jaguaré. O bairro era cortado por uma linha férrea, onde os trens faziam manobras para retornar. Por isso, os ônibus para o bairro chegavam a ficar parados até uma hora, conta Luiz Domingos. Essas histórias foram captadas pelos alunos, que registravam o que achavam mais curioso."É engraçado saber que meninos e meninas antes tinham de estudar em horários diferentes", conta Ana Carolina Marques Ribeiro, de 11 anos. Ela foi uma das responsáveis por reunir o material para um livro de toda a turma.Além dos relatos em texto, alguns alunos menores transformaram o que ouviam em desenhos. Uma produtora pegou o material e fez animações para cinco filmes de curta-metragem, que foram apresentados na tarde de ontem no salão paroquial da Igreja São José para os personagens, pais e para os jovens autores. FRASESJuliana Santana NovaesCoordenadora do projeto"O objetivo é fazer com que essas crianças conheçam a história de seus bairros e se sintam pertencentes a ele"Lara Borges NunesProfessora"Conseguimos trabalhar a questão de identidade até com matemática, com o tamanho delas desde o nascimento" Ana Carolina M. RibeiroEstudante"É engraçado saber que meninos e meninas tinham de estudar em horários diferentes"


O Estado de S. Paulo de 18 de dezembro de 2009

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