domingo, 6 de junho de 2010

Da Aldeia de Ururaí a São Miguel Paulista


Da Aldeia de Ururaí a São Miguel Paulista
1560 – 1797

A primeira referência que se tem de São Miguel, não é de 1622, ano em que se deu por concluída a capela, mas muito antes, em 1560. para que esta casa religiosa, fosse idealizada nos padrões em que foi edificada, podemos refletir sobre o que representava a aldeia de Ururaí, hoje São Miguel, tanto no aspecto social, religioso e geográfico, este último importante como ponto estratégico-defensivo de incursões de índios rebeldes à pequena Vila de São Paulo.

A história do bairro está estritamente relacionada à própria fundação da capital metropolitana, razão pela qual devemos dirigir nossa atenção aos fatos ocorridos mesmo antes de 1554.

Habitantes da região, os índios Guaianazes ainda se distribuíam por todo o planalto paulista. Suas terras eram demarcadas ao longo da costa litorânea, de Angra dos Reis até Cananéia, tendo como visinhos de um lado, os índios Carijós e de outro, os Tamoios, ambos seus inimigos. Cautelosos, não faziam guerra fora de seus limites, e ao vencerem um adversário faziam dele escravo, por não serem antropófagos. Tranqüilos e sem malícia acreditavam em qualquer coisa.

Não atacavam os brancos sem que fossem molestados, pelo contrário, eram até boa companhia. Chefiava os Guaianazes, desde a primeira metade do século XVI, o cacique Tibiriçá, que vivia além da Serra de Paranapiacaba, nos campos cortados pelo rio Anhembi ou Rio Grande, hoje conhecido como rio Tietê. Nele fazia confluência o ribeiro de Piratininga ou Piratinim, de onde teve origem a aldeia de Tibiriçá, situada em uma das margens do tal ribeiro: aldeia de Piratininga, no ribeiro de mesmo nome.

Os jesuítas não haviam chegado ao planalto. O europeu mais próximo estava entre o campo e a Serra, em Santo André da Borda do Campo. Era João Ramalho casado com a filha de um chefe indígena. Antônio Rodrigues, outro português aqui estabelecido, vivia no litoral, nas proximidades de São Vicente, e era casado com Antonia, filha de Piquerobi irmão de Tibiriçá.

Em novembro de 1549, chegava a São Vicente o Padre Leonardo Nunes, mandado até aí pelo padre Manoel da Nóbrega, superior da Companhia de Jesus no Brasil. Na pequena vila junto ao mar, fundada em 1532, entre outras incumbências, deveria ele dar início ao segundo colégio jesuíta da nova colônia portuguesa.

Subindo a serra, chegou a aldeia de Piratininga, onde conseguiu que muitos índios confiassem a ele seus filhos para doutrinar entre os brancos e, com estes meninos formar um Seminário junto ao Colégio de São Vicente.

De visita a esta casa, o Padre Manoel da Nóbrega ordenou que o colégio se mudasse da vila para o campo. Entre o mar e a serra, os sacerdotes estavam vulneráveis às investidas dos corsários e dos índios tamoios, que alguns anos mais tarde fariam aliança com os franceses no Rio de Janeiro.

Em conseqüência desta resolução, os padres deveriam escolher um sítio conveniente, no campo, para fundarem o seu Colégio. A localização de Santo André não era adequada pois, junto a serra a povoação poderia ser atingida sem que os moradores se dessem conta. No campo, entre os rios Tamandoateí e o ribeiro Anhangabaú, o terreno era perfeito.

Tibiriçá foi convencido a transferir sua aldeia para junto do colégio, que ajudou a construir, Recebeu o batismo com o nome de Martim Afonso e passou a viver na atual rua de São Bento, inicialmente denominada “Rua de Martin Afonso”.

O pequeno colégio fundado nas terras dos índios Guaianazes não poderia sobreviver sem o afluxo de maior número de moradores. Por determinação do Governador Geral Men de Sá, que em São Vicente se encontrava, Santo André foi mudada em 1560 para o campo que passou a chamar-se Vila de São Paulo de Piratininga, título esse transferido do povoado de João Ramalho ao povoado jesuíta.

Vendo movimento maior de estranhos habitantes, os Guaianazes perceberam as transformações a que estariam sujeitos, seus padrões de vida estavam ameaçados. Parte deles abandonaram as imediações do colégio, dirigindo-se para Pinheiros e outro grupo para Ururaí, hoje São Miguel Paulista.

Esta última região não lhes era estranha, de hábitos nômades conheciam o sertão vizinho de sua aldeia de origem. Ururaí representava um ponto ideal para fixação. Próximo ao ribeirão Baquirivu a ao rio Anhembi, tanto a comunicação com os meios de sobrevivência teriam sem muitas dificuldades. Estavam os Guaianazes vivendo a plenitude de seus hábitos, o que desagradava os recém chegados jesuítas e mais ainda Tibiriçá, que fiel aos sacerdotes, tinha agora seu irmão Piquerobi, chefiando os Guaianazes dissidentes.

Para tentar remove-los de sua rebeldia, os jesuítas foram até Ururaí, todavia, sem sucesso. A 3 de julho de 1562, Tibiriçá adverte Anchieta que um ataque a vila de Piratininga estava por ocorrer. Passados seis dias, a povoação foi cercada, tendo Piquerobi seu plano frustrado. A força dos Portugueses aí estabelecidos, lhe foi superior.

O cacique da aldeia de Ururaí nada tinha contra os jesuítas, mostrava-se rebelde aos intentos dos colonos europeus, vitoriosos agora. Instala-se definitivamente agora em ururaí, onde a partir de 1562, após o ataque, os sacerdotes passavam a visitar o aldeamento, dando seqüência ao trabalho de catequese já iniciado.

A aldeia de Piquerobi crescia e era alvo de atenções dos jesuítas que aqui edificaram uma pequena capela em louvor a São Miguel Arcanjo, orago cuja predileção demonstrava o padre José de Anchieta.

Em 1567 e em 1585, Ururaí foi visitada por emissários da Companhia de Jesus no Brasil. Nesta última ocasião, o Padre Cristóvão de Gouveia celebrou casamentos e batizou trinta índios. Anchieta tinha suas atenções divididas entre esta aldeia e outras três: Nossa Senhora da Conceição (Pinheiros), Barueri e Guarulhos.

São Paulo de Piratininga atraía forasteiros. Para que os índios de Piquerobi não fossem molestados, Lopo de Sousa, Donatário de São Vicente, lhes concedeu terras por sesmaria lavrada a 12 de outubro de 1580. Tinham início na Penha, até Itaquaquecetuba e Ferraz de Vasconcelos , limitando-se por outro lado com Mauá e Santo André.

Em 1585, contava a aldeia de Pinheiros e Ururaí, com um número aproximado de 1.000 habitantes. Em média a população de São Miguel era significativa para que recebesse um templo religioso maior, sabendo-se que defensivamente a pequena povoação poderia frear investidas inimigas do sertão para os campos de Piratininga. A nova capela foi edificada, símbolo da bravura dos Guaianazes que tentaram lutar contra o jogo colonizador.

Durante muito tempo, os membros da Câmara Municipal de São Paulo ficaram encarregados da administração da aldeia de São Miguel de ururaí, mas só se lembravam dos índios quando deles precisavam para uma expedição aos sertões ou levar socorro às províncias do litoral. Com longínquas expedições, a aldeia logo ficou despovoada dando lugar a outro colonos europeus que das terras passaram a tomar posse.

Em 1766, o Capitão Geral D. Luís Botelho de Sousa Mourão, que governava São Paulo, quis melhorar a sorte das aldeias. Tendo admitido que as terras indígenas estavam totalmente em mãos estranhas, ele pretendeu restituir aos seus legítimos donos os bens que lhes pertenciam.

Munido dos documentos de concessão de sesmaria, ordenou que medissem as terras concedidas aos índios Guaianazes. Ao iniciar, abandonou o projeto por perceber que se tratava de extensão maior do que se imaginava.

Em 1797, escrevia o Frei Gaspar da Madre de Deus: “os infelizes indígenas, descendentes dos antigos donos desta região, não possuem quase nada. Os brancos apossaran-se da maior parte de suas terras, ainda que isso só lhes tivesse sido perdido com a condição expressa de que os indígenas não fossem de forma alguma prejudicados” !


Bibliografia


1. – Bontempi , Silvio. O bairro de São Miguel Paulista Editado Pela Prefeitura de São

Paulo.

2. – Cardin, Fernão. Tratados da terra e gente do Brasil, Ed. Itatiaia.- EDUSP, São Paulo.


3. - Deus, Frei Gaspar da Madre de. Memórias para a Capitania de São Vicente, Ed. Itatiaia – EDUSP, São Paulo.


4. – Saint hilaire, Auguste. Viagem Pela Província de São Paulo, Ed. Itatiaia – EDUSP,

São Paulo.


5. – Salvador, Frei Vicente do. História do Brasil 1500 – 1627 , Ed. Itatiaia – EDUSP.

São Paulo.



6. – Sousa, Gabriel Soares de. Tratado Descritivo do Brasil, 1587, Ed. Itatiaia – EDUSP. São Paulo.


7. – Staden, Hans. Duas Viagens ao Brasil, Ed. Itatiaia – EDUSP, São Paulo.


Dra. Roseli Santaella Stella

http://capeladesaomiguel1622.com/

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Minhocão vira cinema ao ar livre

Minhocão vira cinema ao ar livre
'Elevado 3.5', vencedor do 'É Tudo Verdade', foi exibido para mais de 2 mil pessoas em plena via


SÃO PAULO - O Minhocão ganhou uma cara diferente nesta noite de domingo. O documentário Elevado 3.5, dirigido por João Sodré, Paulo Pastorello e Maíra Bühler, foi exibido no próprio elevado, na esquina da Rua Helvétia com a Avenida São João.

No ano em que se discute se o Minhocão deve ou não ser demolido, o público paulistano demonstrou que está interessado na discussão. Prova disso é que estavam previstas 500 pessoas para a sessão (o número exato de cadeiras disponibilizadas pela produção do evento), no entanto o que se viu foi muita gente em pé.
"Toda a verba para montar a tela, o equipamento de som e a tenda em cima das cadeiras foi bancada por nós mesmo. Estamos muito felizes de ver que em vez de 500, há cerca de 2 mil pessoas aqui", comemorou uma das produtoras do filme, Joana Mariani. A produção, vencedora do festival É Tudo Verdade em 2008, estreia no Espaço Unibanco de Cinema na próxima sexta-feira.

Jornal O Estado de São Paulo de 31 de maio de 2010

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Exposição de fotos mostra semelhanças entre São Paulo e Buenos Aires



Horacio Coppola
À esq., esquina da av. Roque Sáenz Peña com rua Suipacha, em Buenos Aires; à dir., rua 15 de Novembro

Exposição de fotos mostra semelhanças entre São Paulo e Buenos Aires

SYLVIA COLOMBO

Folha on line editora da Ilustrada
Uma tem o trânsito caótico, poucas áreas verdes, edifícios de imenso mau gosto arquitetônico e bares e restaurantes voltados para o interior, sem diálogo com o espaço público.
A outra tem um ar europeu que seduz os turistas. É cheia de parques, vias arborizadas e cafés que interagem com a rua.

Se hoje é difícil ver semelhanças entre São Paulo e Buenos Aires, houve um tempo em que ambas não pareciam tão diferentes assim. É isso que tenta mostrar a exposição "Profissão Fotógrafo", que reúne 45 fotografias no museu Lasar Segall a partir do próximo sábado. As imagens foram feitas nos anos 1930 e 1940 pelo argentino Horacio Coppola e pela suíça Hildegard Rosenthal.
Horacio Coppola

Influenciados pelo modernismo e formados na tradição da Bauhaus [escola alemã de design, artes plásticas e arquitetura que funcionou entre 1919 e 1933], ambos realizaram trabalhos que convergem em diversos aspectos.

"Os dois exploraram as cidades a partir de um mesmo olhar, há neles uma preocupação com o geométrico, uma paixão pela forma, pela funcionalidade e pelo fragmento, o diálogo entre sombra e luz, entre outras coisas", explica o diretor do museu e um dos curadores da mostra, Jorge Schwartz.

Horacio Coppola tem hoje 103 anos e vive em Buenos Aires. Antes de ir para a Alemanha, já havia incorporado o modernismo em seu trabalho. No começo dos anos 30, foi estudar fotografia na Bauhaus, até que a escola foi fechada pelo governo nazista, em 1933.

Já Hildegard Rosenthal (1913-1990) nasceu na Suíça, morou alguns anos em Paris e também estudou fotografia na Alemanha, com Paul Wolff, um especialista nas câmeras Leica.
Assim como Coppola, Rosenthal fugiu do nazismo e veio se estabelecer na América Latina. Enquanto ele voltou para Buenos Aires, onde frequentou o grupo de Victoria Ocampo e da revista "Sur", ela veio para São Paulo e passou a trabalhar com fotojornalismo.
Com a exposição, será lançado "Metrópole", livro com cem fotografias de Rosenthal, pelo Instituto Moreira Salles.

São Paulo e Buenos Aires
As fotos de "Profissão Fotógrafo" registram instantâneos de um momento histórico de profundas transformações em São Paulo e em Buenos Aires. Ambas cresciam, acompanhando o processo de industrialização dos dois países. As ruas estão cheias de gente andando ou conversando nas esquinas. As cenas noturnas são iluminadas por letreiros de neon. Os cartazes de comércio chamam a atenção, enquanto bondes e automóveis vão tomando espaços.

É comum ver veículos e pessoas ao mesmo tempo nas vias. Ainda não havia uma separação clara sobre quem deveria transitar pela calçada e quem pelo asfalto. A obsessão por retratar avenidas está nos dois. "Há uma espécie de vertigem. As pessoas estavam surpresas com esse rápido processo de alargamento das cidades", diz Schwartz.

Outro aspecto comum às duas paisagens é a elegância dos transeuntes. Para Schwartz, isso deve-se ao fato de haver então uma definição mais evidente sobre o que era público e privado. "Havia uma roupa para sair à rua, outra para ficar em casa. Não era como hoje, em que se usam havaianas nos dois casos", conclui.

Também impressionava o surgimento da multidão. Uma festa cívica no Obelisco de Buenos Aires e o registro da solenidade de inauguração do Pacaembu evidenciam isso. De modo geral, Coppola e Rosenthal realizaram trabalhos distintos ao longo da carreira. Também Buenos Aires e São Paulo são efetivamente bastante diferentes --embora fossem menos naquela época.
O que o recorte de "Profissão Fotógrafo" permite concluir é que um artista e sua formação podem sugerir analogias impensadas, apontar, unificar ou mesmo criar ilusões a partir de determinadas realidades.

PROFISSÃO FOTÓGRAFO
Onde: museu Lasar Segall (r. Berta, 111, Vila Mariana, São Paulo, tel. 0/xx/ 11/5574-7322)Quando: a partir de sábado, 20 de fevereiro, até 4 de abril; de terça a sábado, das 14h às 19h; domingos e feriados, das 14h às 18h
Quanto: grátis

Parque da Mônica, sucesso dos anos 90, encerra atividades



Parque da Mônica, sucesso dos anos 90, encerra atividades


Endereço: av. Rebouças, 3.970, Pinheiros, região oeste, São Paulo, SP. Classificação etária: livre
Leia mais no roteiro


As informações estão atualizadas até a data acima. Sugerimos contatar o local para confirmar as informações


MILENA EMILIÃO


do Guia da Folha
Divulgação

Mônica anima o Carnaval no parque, em SP, que fecha nesta terça-feira


Após 17 anos no shopping Eldorado (região oeste da cidade de São Paulo), o Parque da Mônica recebe as crianças pela última vez nesta terça-feira (16). Não há ainda definição sobre o futuro do parque, nem sobre o espaço de 9.000 m2 do shopping.
A assessoria do desenhista Mauricio de Sousa afirma que há negociações para reabri-lo, em breve, em novo local.


Como última lembrança, há matinês de Carnaval até terça.


Folha On Line de 16 de fevereiro de 2910

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Osvaldinho da Cuíca: São Paulo esqueceu de seus maiores centenários

Por Leandro Calixto

Osvaldinho da Cuíca gosta de ser chamado de sambista. Embora seja um exímio instrumentista e compositor, além de pesquisador, ele quer ser lembrado como homem do samba. “É o que eu soube fazer a vida inteira”, disse o artista paulistano, que a exemplo de Martinho da Vila vai estar comemorando aniversário dia 12, sexta-feira de carnaval.
Quando o país já estiver no clima de sua festa mais popular, Osvaldinho vai estar completando sete décadas de vida. O ex-integrante do histórico conjunto musical Demônios da Garoa, no entanto, diz estar chateado com as escolas de samba de São Paulo, que esqueceram de homenagear grandes artistas nos últimos anos.
“Infelizmente, muitas delas são manipuladas. Esqueceram de festejar o centenário de grandes nomes do carnaval e samba de São Paulo, como por exemplo, Adoniran Barbosa, Madrinha Eunice, Vadico e Henricão”, lamentou o sambista.
Por telefone, Osvaldinho da Cuíca conversou com o Samba de Primeira e relembrou de algumas passagens históricas de sua vida artística.


Osvaldinho da Cuíca ganhou cinco sambas-enredos pela Vai-Vai – Foto: Arquivo/AE

ESCOLA DE SAMBA
Hoje, as escolas de samba são manipuladas. São Paulo esqueceu de seus maiores centenários. No ano passado, a Lavapés deixou de festejar os 100 anos de sua fundadora, a Madrinha Eunice. A minha Vai-Vai deixou de falar, em 2008, dos 100 anos de nascimento de um de seus fundadores, o Henricão. E, neste ano, esqueceram do Adoniran Barbosa e também do Vadico, maior parceiro musical de Noel Rosa. Sem o Vadico, paulistano do Brás, tenho dúvidas se a obra do Noel seria a mesma. Uma pena. Perderam uma grande oportunidade.

VAI-VAI
Cheguei na escola em 1972, junto com o mestre de bateria Tadeu. Neste período, a escola era predominante de negros. Entraram uns 100 brancos na agremiação, entre eles, eu. Ajudei a transformar o Vai-Vai de cordão para escola*. Tinha um prestígio grande na época porque era integrante do Demônios da Garoa. Não saia da televisão e do rádio. Como tocava em uma casa do Bexiga, me chamaram para entrar na agremiação. Levei instrumentos de corda para bateria. Sou o fundador e primeiro presidente da ala de compositores da escola. Ganhei cinco sambas-enredos e fomos campeões de três. O Vai-Vai é uma comunidade, que se tornou uma religião. Hoje, sou turista lá. Não sou atuante como gostaria.
*Em 1972, o Cordão Vai-Vai, se transforma em Escola de Samba Vai-Vai. Alguns se referem à escola até hoje como Cordão Vai-Vai, por isso o artigo masculino

DEMÔNIOS DA GAROA
Tive três passagens pelo conjunto: 68 a 70, 80 a 83 e 93 a 99.O Demônios foi durante muitos anos o maior conjunto musical do Brasil. É um dos maiores representantes da cultura paulistana. Faz parte de nossa tradição, já que surgiu a partir da década de 40. Tenho muito orgulho de ter participado do conjunto em diversas fases. Tenho saudades, principalmente da primeira. Era um grupo muito criativo. Éramos imbatíveis.

ADONIRAM BARBOSA
Convivi muito com ele. Trabalhamos juntos na TV Record. Quem criou o Adoniran foi o maior cronista de todos os tempos de São Paulo, Osvaldo Molle. O Adoniran era uma pessoa muito engraçada e pacífica. Nunca vi falar mal de ninguém. Era um grande boêmio, gostava de uma bebidinha e era mulherengo. Um genial compositor.

NOEL ROSA
Representa a inovação do samba. Ele foi responsável da transição do maxixe para o samba. Ele e o Ismael Silva (sambista e fundador da Deixa Falar, hoje Estácio de Sá, no Rio de Janeiro), sedimentam o samba. Esse samba carioca que se tornou universal. Antes era o maxixe, um samba baiano. São dois gênios. Do violão dos dois surgiu um ritmo musical que ganhou o mundo. Precisa falar mais alguma coisa?

CARNAVAL DE SÃO PAULO
Evoluiu muito na parte empresarial, na parte de espetáculo e também da criatividade. Porém, algumas escolas tradicionais, por não terem uma direção forte, não se modernizaram. Uma pena ver Nenê da Vila Matilde, Unidos do Peruche e Camisa Verde e Branco na situação onde elas se encontram (as três vão disputar o Grupo de Acesso).

Jornal O Estado de S. Paulo de 4 de fevereiro de 2010

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Enchete de 1957 em São Paulo



Foto (reprodução) de enchente de 1957 em SP


Por Pablo Pereira


Sempre que se toca no problema das enxurradas na cidade de São Paulo, ainda mais graves quando se tornam assassinas, há diversos comentaristas que se manifestam (com a licença do mestre João Ubaldo, que gosta da palavra) espinafrando a Situação de agora, que, por sua vez, quando era Oposição, espinafrava a Situação de antes. E por aí vai.Mas, notem, o drama não é novo e o que se pretende aqui nesse Blog é olhar o problema na perspectiva da história. A cidade já teve administradores de diversas cores políticas e ideológicas. Já experimentou. Para não compararmos bichos diferentes, fiquemos somente com o período mais recente, com prefeitos escolhidos por voto. De Jânio (1986) para cá, passaram Luiza Erundina, Paulo Maluf, Celso Pita, Marta Suplicy, José Serra e, agora, Gilberto Kassab. Mas o problema das chuvas permanece — e mudando a vida de muita gente para pior.


Jornal O Estado de S. Paulo de 2 de fevereiro de 2010

Bom Dia presta homenagem a São Paulo

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1197711-7823-BOM+DIA+PRESTA+HOMENAGEM+A+SAO+PAULO,00.html

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Cidade que não dorme completa 456 anos

Para muitos, é quando a noite cai que São Paulo se revela mais fascinante. A cidade tem bares, restaurantes e comércio que funciona durante toda a madrugada e oferece muita diversão

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1198362-7823-CIDADE+QUE+NAO+DORME+COMPLETA+ANOS,00.htmlhttp://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1198362-7823-CIDADE+QUE+NAO+DORME+COMPLETA+ANOS,00.html

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Vitor Santos presta homenagem a São Paulo, "Amanhecendo - de Billy Blanco"


O jornalista Vitor Santos presta homenagem a São Paulo no seu aniversário, 456 anos, parabens São Paulo, e declara o seu amor pela Paulicéia Desvairada


"Amanhecendo - de Billy Blanco"


http://www.youtube.com/watch?v=JTmdVFEHyas

Bom Dia presta homenagem a São Paulo

Segunda-feira, 25/01/2010

No dia em que a cidade completa 456 anos, as imagens de Caue Angeli mostram um retrato da capital com a música do maestro Leandro Matsumoto.

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1197711-7823-BOM+DIA+PRESTA+HOMENAGEM+A+SAO+PAULO,00.html

Carnaval faz parte dos 456 anos de São Paulo

Segunda-feira, 25/01/2010

A elite paulistana desfilava na Avenida Paulista. Brás, Bixiga e Barra Funda foram os berços do samba em São Paulo. No começo dos anos 30 a festa já fervilhava por toda a cidade.



http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1197688-7823-CARNAVAL+FAZ+PARTE+DOS+ANOS+DE+SAO+PAULO,00.html

domingo, 24 de janeiro de 2010

No dia do aniversário de SP, Mosteiro de São Bento abre alas secretas

A capela do colégio é um dos mistérios a ser revelados na exposição (Foto: Raul Zito/G1)

Na "Sala do Papa", foram colocadas gravuras (Foto: Raul Zito/G1)

Armários sustentados por toras de eucalipto (Foto: Raul Zito/G1)

No dia do aniversário de SP, Mosteiro de São Bento abre alas secretas
Motivo é exposição de arte, que vai até fevereiro no Centro.
No último andar, capela do colégio é um dos locais a serem vistos.

Carolina Iskandarian
Do G1, em São Paulo
A capela do colégio é um dos mistérios a ser revelados na exposição (Foto: Raul Zito/G1) A atendente Rosângela Cristina da Silva, de 49 anos, trabalha no Mosteiro de São Bento e, para ela, o interior da capela do colégio é um mistério ainda não revelado. Não será mais a partir desta segunda-feira (25), quando o monumental prédio ocupado por 42 monges no Centro de São Paulo abrirá alas até então fechadas ao púbico para a exposição “Arte e Espiritualidade”. A inauguração da mostra coincide com o aniversário de 456 anos da cidade.

Veja galeria de fotos da exposição no mosteiro

“Trabalho aqui há cinco meses e nunca estive lá. Tenho essa curiosidade. Dizem que a capela é linda e é uma felicidade podermos entrar. É como se os monges nos convidassem para visitar a casa deles”, conta a moça, que trabalha na lojinha do local, vendendo os pães e biscoitos que os beneditinos fazem.

Além da capela do colégio, a ala dos parlatórios (onde os monges dão aconselhamentos espirituais), salas que têm vista para o jardim do claustro e a chamada “Sala do Papa”, onde Bento 16 saudou o público em sua passagem em 2007, abrirão suas portas aos visitantes. Só um grupo seleto de pessoas conhece essas dependências. Situação que o monge e artista plástico Carlos Eduardo Uchoa achou que deveria mudar.

“Nossa ideia não era só dar uma mordidinha no mosteiro, mas fazer uma ocupação por inteiro do espaço”, conta ele, justificando a abertura das alas secretas. Junto com Uchoa, José Spaniol e Marco Giannotti apresentam pinturas, fotografias, vídeos e instalações. Na quinta-feira (21), o G1 visitou o prédio e conversou com Uchoa e Spaniol enquanto eles terminavam os preparativos para a exposição.

Redenção

Na "Sala do Papa", foram colocadas gravuras (Foto: Raul Zito/G1) “É a primeira vez em 412 anos (época em que os primeiros monges beneditinos chegaram a São Paulo) que teremos uma mostra de arte contemporânea aqui”, diz Uchoa. Os espaços de “Arte e Espiritualidade” foram batizados com nomes que remetem à religião.

Um dos que prometem chamar mais a atenção dos visitantes é o “Redenção”, o derradeiro a ser visto. Criado por Uchoa, ele fica dentro da capela do colégio, no terceiro e último andar. “É o coração do mosteiro, o lugar mais interior”, conta o monge-artista.

Ali, entre os bancos do pequeno templo, em direção ao altar, haverá um tapete branco acolchoado, como se todos caminhassem nas nuvens. É preciso tirar os sapatos. No fim da travessia, o monitor passará para o público o vídeo “Cracolândia – consolação paulista”, feito por Uchoa. “Você vai chegar lá e ver o crack, a Cracolândia. São os paradoxos. Tentamos trazer o interior para o exterior”, explica o monge.

Firmamento

Os três artistas procuram em seus trabalhos “dialogar” com as questões da religião, do cotidiano e até com o que o mosteiro pode oferecer. Foi o que José Spaniol fez. Elevou armários esquecidos em uma sala no espaço que batizou de “Firmamento”. O mobiliário é sustentado por toras de eucalipto e vai até o teto. “Foi o jeito que encontrei de me aproximar de um tema da religião, que são as ascensões”, explicou Spaniol.

Armários sustentados por toras de eucalipto (Foto: Raul Zito/G1) “Arte e Espiritualidade” fica no mosteiro até 21 de fevereiro e a entrada é gratuita. Para evitar que haja confusão ou dano ao patrimônio, as visitas do público serão guiadas por monitores de hora em hora. Uchoa garante que o descanso divino dos monges que vivem na clausura não será perturbado com a movimentação intensa de visitantes. "Eles estão animados. É mais um diálogo com a cidade."

Serviço:

Local: Mosteiro São Bento [www.mosteiro.org.br]
Endereço: Largo São Bento s/n - Centro [em frente ao Metrô São Bento]
Horários: de terça a sexta, das 13h às 17h (segunda, dia 25, a abertura é exceção); sábados e domingos, das 10h às 17h.

Globo.com

sábado, 23 de janeiro de 2010

São Paulo 456 anos: Cada esquina conta uma história

http://tv.estadao.com.br/videos,SAO-PAULO-456-ANOS-CADA-ESQUINA-CONTA-UMA-HISTORIA,85832,275,0.htm



São Paulo 456 anos: Cada esquina conta uma história
TV Estadão | 22.1.2010

Em homenagem aos 456 anos de São Paulo, o Jornal da Tarde produziu um caderno especial contando histórias sobre as esquinas da cidade. Reportagem de Bruna Fioreti e imagens de André Lessa

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

São Paulo dos Contrastes

Prédio do Shopping Light refletido na porta do Teatro Municipal. 26/06/2007. Foto: NILTON FUKUDA


“É sempre lindo andar, na cidade”…”São Paulo que amanhece trabalhando”…”alguma coisa acontece no meu coração, que só quando cruzo a Ipiranga”…”sonora garoa, garoa de prata”…”pâni, pânico em SP”…”São, São Paulo meu amor”…”sem São Paulo, o meu mundo é solidão”…”envelheço na cidade”… São Paulo das luzes, das cores, das desigualdades, das oportunidades. São Paulo dos contrates.

Cidade de São Paulo comemora aniversáro cheia de atrações

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1196062-7823-CIDADE+DE+SAO+PAULO+COMEMORA+ANIVERSARO+CHEIA+DE+ATRACOES,00.html

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Pesquisa traça perfil da população da cidade de São Paulo

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1195301-7823-PESQUISA+TRACA+PERFIL+DA+POPULACAO+DA+CIDADE+DE+SAO+PAULO,00.html

domingo, 17 de janeiro de 2010

São Paulo recebe a Cow Parade 2010

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1192039-7823-SAO+PAULO+RECEBE+A+COW+PARADE,00.html

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Os cardeais do samba



Por Leandro Calixto

Seu Nenê e Seu Carlão são remanescentes da primeira leva de grandes sambistas do Carnaval de São Paulo – Foto: Ernesto Rodrigues/AE


ano de 1968 é considerado um marco para Carnaval de São Paulo. Foi no final desta década, quando o Brasil vivia o auge da Ditadura Militar, que as Escolas de Samba de São Paulo começaram a ganhar um tratamento profissional.
Os desfiles, que até então eram realizados sem uma grande infra-estrutura, tiveram a Avenida São João como palco. Tanto o campeonato de Cordões como o das Escolas de Samba ganharam arquibancadas, regulamento e finalmente foram oficializados pela Prefeitura.
Seis sambistas são considerados os grandes responsáveis por essa transformação: Xangô da Vila Maria, Pé Rachado do Vai- Vai, Madrinha Eunice da Lavapés, Inocêncio Mulata da Camisa Verde e Branco , Nenê da Vila Matilde e Carlão do Peruche. Cansados de promover para os padrões da época grandes espetáculos, mas sem grandes receitas, os seis sambistas resolveram peitar o poder público. Só sossegaram quando finalmente conseguiram marcar uma audiência com o prefeito da época, o carioca Faria Lima.
Nascido em Vila Isabel, terra do poeta Noel Rosa, o político, que reza a lenda tinha samba na veia, teria ficado sensibilizado com a precária situação que eram realizados os desfiles e resolveu dar um empurrão e ajudar financeiramente o Carnaval de São Paulo.
Deste seleto grupo de bambas, chamados pela Imprensa da época como os Cardeais do Samba, apenas dois continuam vivos: Seu Nenê, de 88 anos, e Seu Carlão do Peruche, com 79.
Na tarde da última quarta-feira, na residência de Seu Nenê, em uma bucólica rua da zona leste, o Jornal da Tarde reuniu os dois sambistas para um bate-papo. O encontro, que será publicado no JT na edição deste sábado, dia 16, foi marcado por grande emoção. Os mestres admitiram sentir saudades dos tempos em que o Carnaval da cidade ainda era realizado de uma forma despretensiosa.
“Antigamente, as pessoas desfilavam para se divertir e acima de tudo defender a sua comunidade. Hoje não. O Carnaval se transformou num grande campeonato. Falta a irreverência de antigamente e o amor pelo pavilhão (bandeira) da escola”, definiu seu Carlão. Já seu Nenê, prefere esquecer que a agremiação que ajudou a fundar e que ainda carrega o seu nome vai disputar neste ano o Grupo de Acesso, a chamada Segunda Divisão do Carnaval de São Paulo. “Prefiro me lembrar das grandes conquistas. O golpe do ano passado foi muito duro e difícil de ser digerido. Mas vamos tentar subir novamente”, avisa.
O sábio seu Nenê tem razão. É hora de olhar para frente.
O samba só é samba por exisitir personagens imortais como ele e seu Carlão


Jornal O Estado de S. Paulo de 14 de janeiro de 2010 (Há 168 dias sob censura)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Outros carnavais na Paulicéia


Por Pablo Pereira
Carnaval, carros alegóricos, fantasias e desfiles são coisa de mais de século em São Paulo. A inspiração, no Séc. 19, vinha da Europa, dos carnavais de Veneza. Os primeiros desfiles de carnaval na rua, o corso, ocorreram na cidade no percurso das ruas Direita, 15 de Novembro e São Bento. Depois, como lembra a historiadora Marcia Camargos no livro Villa Kyrial, crônica da Belle Époque Paulistana, o corso se transferiu para a Avenida Paulista.
O grande momento do carnaval, na virada dos Séculos 19 para o 20, era a tarde do domingo, quando pela recém-inaugurada Paulista desfilavam os carros enfeitados “percorrendo o trecho que ia da Praça Osvaldo Cruz ao final da avenida”. Desfilavam cadillacs conversíveis e o povo se aglomerava nas calçadas para se divertir. Os menos abastados alugavam caminhões e desfilavam sobre as carrocerias adornadas por fitas e flores.

Carro alegórico da Villa Kyrial desfila na Av. Paulista em 1915
Um dos carros que deu muito o que falar num desses carnavais foi o da Villa Kyrial, como era conhecida a casa do senador José de Freitas Valle, retratado no livro de Marcia Camargos.
“O florista Nemitz pôs em prática antiga ideia de Valle. Construiu sobre um caminhão uma cesta enfeitada, dentro da qual se colocaram cerca de trinta pessoas, entre artistas e amigos do senador, vestidos de pierrô branco com botões vermelhos. Esse carro causou furor no corso, precedido pelo automóvel do ‘chefe’ Freitas Valle”.
José de Freitas Valle foi personagem polêmico da cidade. Rico, político influente, gostava de artes e financiava artistas. A casa dele, na Avenida Domingos de Morais, foi, por muito tempo, palco de saraus e de encontros de artistas. Era frequentada por gente como Victor Brecheret, Guilherme de Almeida, Mario de Andrade e Anita Malfatti.
Mas Freitas Valle foi também, como recorda Marcia Camargos, muito criticado por Monteiro Lobato e outros que o achavam um imitador da França “que flanava pelo Trianon entre flores exóticas, ensacado à francesa”, além de ser considerado um adepto de práticas políticas mais preocupadas com a autopromoção.
Freitas Valle, o mecenas carnavalesco, criador da Villa Kyrial, morreu em 14 de fevereiro de 1958. Durante o carnaval. O casarão Villa Kyrial, na Vila Mariana, durou pouco. Foi demolido em 1961.

Fonte: http://blogs.estadao.com.br/blog-da-garoa/657/

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

A redação de "O Estado de S. Paulo" em 1935

Veja como era o trabalho dos jornalistas e gráficos na confecção de uma edição de "O Estado de S. Paulo" há 75 anos. A narração é de Guilherme de Almeida



http://tv.estadao.com.br/videos,A-REDACAO-DE-O-ESTADO-DE-S-PAULO-EM-1935,83238,258,0.htm

O Estado de S. Paulo: Um grande jornal (1941)

Vídeo aborda de forma didática o processo jornalístico, da apuração dos assuntos de interesse público à entrega do jornal pela manhã na casa do leitor


http://tv.estadao.com.br/videos,O-ESTADO-DE-S-PAULO-UM-GRANDE-JORNAL-1941,83351,258,0.htm

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Imigrantes dão cara a regiões em que se estabeleceram em SP

Imigrantes dão cara a regiões em que se estabeleceram em SP
EVELYN CARVALHO

colaboração para a Folha
São Paulo tornou-se a casa de alguns grupos de imigrantes. Um dos mais importantes deles é o de italianos, que chegou à cidade no final do século 19 e demarcou seu território na Mooca (zona leste).
No passado, o estabelecimento dos habitantes na região ocorreu por conta da proximidade com as fábricas do Brás, onde trabalhavam. Hoje a Mooca atrai quem gosta de um local tranquilo, sem perder a comodidade de morar relativamente perto do centro e de ter à mão um amplo leque de serviços.

Ruth Cardamone, 74, é funcionária pública aposentada e faz parte de uma família de descendentes de italianos que está há cinco gerações no bairro. Ela herdou do pai um amplo apartamento em um antigo prédio de dois andares. "Quem sai da Mooca acaba voltando, porque não se acostuma a outro lugar."
Segundo a pesquisa DNA Paulistano, realizada pelo Datafolha em 2008, a fidelidade é de fato uma característica dos moradores do distrito da Mooca --52% deles acreditam que seu bairro é melhor que os demais da cidade.
Apesar de manter um ar conservador, a região dá sinais de que passará pelo mesmo crescimento vertical do Tatuapé e do bairro Anália Franco.
O preço médio dos lançamentos na Mooca em 2008 e 2009 (R$ 3.670) superou o do Tatuapé (R$ 3.034), segundo dados da Geoimovel.
Já quem mora na Liberdade, região central de São Paulo, defende que o bairro é muito mais do que a feira típica japonesa e as lanternas vermelhas da rua Galvão Bueno. Sua fronteira chega até as proximidades da Aclimação e do Cambuci.
Área íntima
Nessa ampla área vivem não apenas japoneses e descendentes mas também coreanos e chineses. "Os orientais gostam de imóveis espaçosos e valorizam a segurança", afirma Aldo Ferreira de Assis, proprietário da imobiliária Afassis.
O corretor também revela que a discrição é mais um ponto marcante das três culturas. "Elas dão preferência à área íntima e não gostam de se expor."
Descendente de japoneses, Sergio Sado Hattano, 40, possui um pequeno comércio na região e há sete anos mudou-se do Ipiranga (zona sul) para um imóvel de dois dormitórios próximo ao seu estabelecimento. "Agora estou mais perto do trabalho e não perco tanto tempo no trânsito", justifica.
De 2006 a agosto de 2009, houve 11 lançamentos imobiliários no distrito da Liberdade, segundo a Geoimovel. O preço médio do metro quadrado em 2008 e 2009 foi de R$ 4.881.
Colônia judaica
A expressiva colônia judaica que habita Higienópolis desde meados do século passado fez desse bairro da região central paulistana um local repleto de referências a sua cultura.
Os imóveis são, em sua maioria, de alto padrão. Helio Mizrahi, proprietário da HM Imóveis, afirma que as famílias predominam: "70% dos apartamentos são de três ou de quatro dormitórios", caracteriza.
Quando ortodoxos, os judeus instalam duas pias na cozinha --uma para laticínios e outra para carne, como preconiza a culinária "kosher".
Entre os preceitos do "shabat", não é permitido acionar o elevador durante o período semanal de descanso, que vai do pôr do sol de sexta-feira ao pôr do sol de sábado. Por isso, muitos judeus preferem apartamentos em andares baixos.
Há edifícios em Higienópolis que solucionaram essa questão de maneira mais tecnológica. Durante o "shabat", o elevador é programado para parar em todos os andares; ao usuário cabe apenas esperá-lo chegar ao seu pavimento.

A Folha de S; Paulo de 3 de janeiro de 2010