Bairro surgiu na década de 1960 com povoamento de migrantes de outros estados
A região da Cidade Ademar tem uma origem basicamente como uma região dormitório, devido à explosão industrial de 1960. Seus bairros e vilas surgiram devido ao grande impulso de processo de urbanização com decadência dos grandes fazendeiros, que eram obrigados a lotear suas terras, então começou o processo de urbanização com o surgimento de loteamentos vendidos aos operários migrantes que vieram de diversas partes do Brasil em busca de uma vida melhor.
O êxodo rural ocorrido na década de 70, conhecido como a expulsão do homem do campo para as grandes cidades, contribuiu para o aumento populacional da região, atraídos pelos loteamentos por causa do parcelamento e a possibilidade de possuir um pedaço de terra.
Dois proprietários de terras e fazendeiros fizeram parte da vida da região: João e Nilza donos da região hoje conhecida como Vila Joaniza e Americanópolis.
Os Fallete eram donos das terras onde hoje são os bairros da cidade Júlia, Vila Missionária, Jd. Miriam.
Até 1996, Cidade Ademar pertencia à região Administrativa de Santo Amaro e era a região periférica do centro urbano de Santo Amaro. Isto explica muito bem o porque da região sofrer de falta de recursos para investimento público em saúde, educação, asfalto, creches, transporte e condições dignas de moradia.
A partir de 1997 a Subprefeitura-CD foi criada por decreto pelo prefeito da época Paulo Maluf. Um novo decreto ex-prefeito Celso Pitta em dezembro de 2000 corrige algumas distorções em relação à divisão geográfica por distrito e acrescenta o Distrito Campo Grande.
A prioridade foi sempre o centro urbano de Santo Amaro, por causa do seu complexo industrial, o maior da América Latina com o centro urbano expandido e as demandas da periferia eram deixadas para um segundo plano.
A situação começou a mudar depois da década de 70, quando o movimento social começou a pressionar e lutar por melhoria de condições de vida. Embriões de organização popular ainda incipientes e clientelista surgiram depois do fim da ditadura militar e o processo de redemocratização que tinha, nas Sociedades Amigos de Bairros um espaço,onde os políticos faziam todo tipo de promessas e depois das eleiçõessumiam, ignorando os problemas da região.
Cidade Ademar é cortada por 7 grandes corredores: Av. Cupecê, Av. Washington Luís, Av. Yervant Kissajikian, Av. Nossa Senhora do Sabará, Av. Nações Unidas trecho, cruzamento Av. Interlagos até cruzamento com Av. Washington Luís, Estrada do Alvarenga e Av. Alda que faz divisa com o município de Diadema. A região hoje não tem mais condições de expansão, existem poucas áreas disponíveis para moradia ou local para o desenvolvimento de algum projeto habitacional. Conforme os dados de crescimento populacional é preocupante a situação já que as possibilidades de expansão para moradias são poucas.
Nome do bairro é homenagem a ex-governador paulista
Cidade Ademar, na zona Sul de São Paulo, foi nomeada em homenagem ao político Adhemar Pereira de Barros, cujo genro era proprietário de terras na região.
Adhemar de Barros teve grande atuação na vida política do país. Nascido em Piracicaba em 1901, participou da Revolução Constitucionalista de 1932. Foi deputado estadual, interventor federal em São Paulo, governador por duas legislaturas e prefeito. Foi fundador e presidente nacional do Partido Social Progressista.
Após os anos do Estado Novo, há uma retomada da democracia nos anos 1950 e os dirigentes voltam a ser eleitos pelo voto popular. Nesse período, Adhemar de Barros estabeleceu uma rivalidade política com Jânio Quadros, em disputa pelos votos dos trabalhadores urbanos e da classe média.
Proveniente de uma família de fazendeiros e médico formado no Rio de Janeiro, Adhemar foi um político que marcou época na história de São Paulo, devido a sua maneira populista de fazer política e à facilidade que tinha em se comunicar com as multidões.
Realizou obras de vulto em diversas áreas, tais como a abertura das rodovias Anchieta e Anhangüera, a construção do Hospital das Clínicas e de outras instituições hospitalares, além da construção de várias escolas.
Era o governador de São Paulo na época do golpe militar de 1964, do qual teve atuação destacada. Apesar disto foi deposto em 1966 e teve seus direitos políticos cassados. Faleceu em Paris, em 1969, durante o exílio.
Fonte: Departamento do Patrimônio Histórico (DPH)
Ocupações e favelas dominam horizonte em Cidade Ademar
A cada topo de viela, o observador se defronta com ocupações irregulares gritantes. São invasões que começaram nos anos 70 e passaram por cima de tudo: áreas de florestas, mananciais, morros e o que mais encontrassem pela frente.
Cidade Ademar tem 198 favelas, o correspondente a cerca de 10% das 2.018 do município de São Paulo. Dos 370 mil habitantes da região, 77,5 mil residem nas favelas – os cálculos atualizados da subprefeitura já elevam o número total de moradores a 400 mil.
A cada topo de viela, o observador se defronta com ocupações irregulares gritantes. São invasões que começaram nos anos 70 e passaram por cima de tudo: áreas de florestas, mananciais, morros e o que encontrassem mais pela frente. A irregularidade continua em casas de péssima qualidade construídas sobre córregos sem condições de higiene.
A renda média é de pouco mais de R$ 600,00 – metade da média do município -, 42,7% da população tem até 5 anos de estudo e o homicídio é a segunda maior causa de morte. Em 2003 foram 214 homicídios, acima da média geral da cidade. A criminalidade e o consumo de drogas são práticas corriqueiras, quase que culturais para uma parcela da população com pouca, ou nenhuma, expectativa de futuro.
Vivendo sobre o manancial
Maria Valda da Silva Oliveira tem 36 anos e quatro filhos. Nasceu no Estado do Piauí e fugiu de casa aos 13 anos, vindo para São Paulo. Acha que no Piauí “é só roça e o dinheiro não corre”. Atualmente, mora na Pedreira, uma região de ocupação sobre mananciais, onde as casas de vez em quando ficam úmidas por causa da água subterrânea. “O pessoal vai tapando daqui e dali e vai levando, né? Mas na minha casa isso não acontece”, faz questão de ressaltar.
Para manter a família, monta uma barraca de comidas e bebidas na região conhecida como Sete Campos. A área possui este nome porque ali existem sete campos de futebol de terra que ficam lotados no fim de semana, e os quais estão sendo revitalizados pela subprefeitura.
O pessoal que freqüenta os jogos possibilita a Maria da Silva conseguir seu ganha pão nos finais de semana. Fora isso, trabalha como faxineira. “Gosto de morar aqui, mas temos problemas com os crimes e a falta de saneamento. E o pessoal usa muita droga também. De dia é tranqüilo, mas durante a noite é perigoso”, alerta ela.
Comunidade organizada
A área de Cidade Júlia tem entre 150 mil e 200 mil moradores, segundo cálculos do presidente da união de moradores do bairro, Luiz Gonçalves da Silva. Desse total, 30% estão em áreas invadidas e de risco, que se espalham por uma série de morros. Quando Luiz Gonçalves ali chegou, em 1971, a precariedade era completa: não havia luz elétrica, água encanada ou esgoto e apenas uma rua era asfaltada.
Ao longo desses mais de 30 anos, a comunidade local se organizou para reivindicar, montou a associação em 1982, e obteve uma série de melhorias de infra-estrutura, além da construção de escolas e de um posto de saúde. Mas saúde e educação continuam sendo os principais problemas do bairro, segundo o líder comunitário, porque os colégios e o posto de saúde locais não são suficientes para atender aos mais de 100 mil moradores.
Uma das melhorias no setor educacional que ocorre no momento é a transformação das instalações da escola de latinha Liliane Verzini em escola de alvenaria pela Prefeitura. Mas se as acomodações ganham melhores condições, nem por isso conseguem atender à demanda do bairro. “Só tem da primeira à quarta série. Precisamos também da quinta série e aumentar o espaço, como a área da cozinha”, diz Luiz Gonçalves, reivindicando ainda um novo posto de saúde, visto que o atual atenderia a uma média de 8700 pessoas por mês e está com sua capacidade esgotada, segundo o líder comunitário.
Educação e lazer
A União de Moradores de Cidade Júlia procura fazer sua parte. A entidade fornece curso escolar do jardim da infância à pré-escola, atendendo a 76 crianças com idades entre 3 e 6 anos, e atividades nas áreas de esporte e lazer, dentro do Projeto Crescer, para crianças e pré-adolescentes com idades que variam entre 7 e 14 anos. Eles também recebem aulas de preparação para a vida profissional, nos campos de Informática, Comunicação e Expressão.
A entidade funciona num prédio recém-inaugurado, doado por uma construtora, e monta uma creche em parceria com a Prefeitura, além de já fazer a distribuição de leite fornecido pelo Governo do Estado e oferecer aulas de ginástica para os idosos. “O bairro precisa de lazer. A praça que tínhamos não está sendo possível usar”, diz Luiz Gonçalves.
Quem investe no esporte como opção social é a direção do CDM Parque Dorotéa, encravado em outra região bastante carente da subprefeitura. O CDM é o mais bem cuidado da prefeitura na região e possui uma escolinha de futebol aberta à comunidade, com 200 alunos, que intercalam seu horário escolar com o da prática esportiva.
É o caso de Vagner Oliveira e Freitas, 14 anos, que cursa a oitava série, das 7 horas ao meio dia, e freqüenta a escolinha de futebol à tarde. “Quando não estou lá, estou aqui jogando. Ocupo o tempo e não fico em esquema de droga. Tô fora de droga, meu negócio é futebol e outros esportes”, afirma, categórico, o menino.
Há também uma pista de cooper, onde os idosos fazem caminhadas diariamente e recebem acompanhamento médico. O CDM promove ainda campeonatos de bolinha de gude, de pipa e passeios. E sua direção ainda pretende implantar aulas de capoeira, judô, karatê e atividades culturais, como artesanato, tricô e crochê.
Urbanização e comércio
Afora as áreas de favelas e ocupações, que respondem pela maior parte da região, há bairros urbanizados, como o Campo Grande, onde está a sede da subprefeitura, e a Avenida Cupecê, a mais movimentada da região, onde floresce um forte comércio. Na avenida Cupecê está instalado o supermercado do comerciante Mário Moreira, nascido em Presidente Prudente. No sábado (06/08), Moreira comemora 42 anos de sua chegada ao bairro, depois de deixar o trabalho numa firma em Santo André. Seu Moreira comprou o estabelecimento quando era apenas uma mercearia de 42 metros quadrados, e o foi ampliando paulatinamente, até transformá-lo em supermercado, no ano de 1983.
Há 40 anos, o Jardim Miriam, que também é cortado pela Cupecê, tinha poucos moradores, era calmo, bebia água de poço e não possuía rede de esgoto. Apesar das carências estruturais, a violência estava longe de chegar ao local. “Era sossegado. Eu ia para os bailinhos à noite e voltava às três horas da manhã, sem problema algum. Agora, nem pensar!”, ressalta o comerciante, que já sofreu alguns pequenos assaltos em seu estabelecimento.
O movimento de clientes também já não é mais o mesmo de 20 anos atrás, devido ao aumento da concorrência. Aos 66 anos, seu Moreira já planeja vender o negócio e se mudar para Mato Grosso, onde possui terras. Mas, nem por isso, acha que Cidade Ademar, e mais especificamente o Jardim Miriam, é um lugar ruim para se viver. “Acho que tudo é bom, com acesso fácil à praia e ao ABC. O Jardim Miriam é uma das áreas mais urbanizadas e tem diversas escolas”, destaca.
Oásis de diversão
O oásis de Cidade Ademar, em meio à aridez dos morros sem verde e áreas ocupadas, é a represa Billings, responsável pelo abastecimento de parte da água potável de São Paulo e do ABC. A região mais aprazível é conhecida como Mar Paulista e conta até com um porto para pequenos barcos e pista de cooper. Muita gente vai se divertir por ali nos fins de semana. Entretanto, o verde das margens se mistura a restos de embalagens, roupas velhas e fezes. As condições das margens já foram bem piores e hoje a subprefeitura procura manter o local limpo, por meio de campanhas de conscientização e plantio de mudas.
E como uma espécie de Ilha da Fantasia, encravado nesta região, está a Mansão Calipso, um refinado restaurante e espaço para eventos, com direito a heliponto, de onde se tem uma vista privilegiada da represa e onde seus visitantes não precisam se preocupar com a tensão latente em todo o entorno da subprefeitura.
Muito bacana!!Legal saber!Obrigada pela contribuição!Abraços!
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