Primeira referência da povoação é de 1920
O nome Itaquera é de origem tupi e quer dizer "pedra dura". A data de fundação do Bairro ainda é uma incógnita. A primeira referência de que se tem notícia é de 1686, quando o nome aparece em uma Carta de Sesmaria.
No entanto, data de 1820 a primeira referência sobre a povoação de Itaquera, onde existia um simples e precário rancho conhecido como a "Casa Pintada". Ali os viajantes paravam para descansar e reabastecer-se de provisões.
A povoação de Itaquera começa a se desenvolver mesmo a partir da inauguração da estação de trem local, no dia 6 de novembro de 1875, data escolhida pela comunidade como a do aniversário, apesar de toda a polêmica em torno da verdadeira idade.
O distrito de Itaquera localiza-se na porção oriental do Estado de São Paulo. A estrutura geológica da área é constituída de rochas muito antigas do tipo cristalino, como granitos da era arqueozóica, rochas metamórficas, gnaissicas e micaxistos micáceos.
Geologicamente a unidade estrutural é representada por um conjunto de superfícies elevadas cristalinas profundamente trabalhadas pela erosão que as reduziu a níveis entre 700 e 800 metros de altitude.
Topograficamente é uma região de morros cujas elevações mamelonares evidenciam o intenso trabalho erosivo das águas superficiais.
O principal rio que banha a área de Itaquera é o Jacu. Hidrograficamente pode-se dizer que a área é bem servida por uma densa rede de rios todos afluentes e sub-afluentes do Tietê. São rios pouco expressivos, sendo os principais eixos: Jacu, Itaquera e Aricanduva.
Em fins do século XIX, a comunidade teve um dia de festa. Chegava ao povoado o sistema de transporte desbravador dos sertões. O progresso ganhava um incentivo maior em Itaquera, quando parou no bairro a primeira "Maria-Fumaça" da antiga Estrada de Ferro do Norte. Estava começando também a era do automóvel,depois vieram o motor a diesel, a explosão, a manivela, a eletricidade , a vapor... como aquele da locomotiva que chegava pela primeira vez em Itaquera e através dos tempos passou a ser símbolo de desenvolvimento do bairro trazendo e levando pessoas através dos trilhos ferroviários que cortaram planícies e montanhas no passado, para chegar ao presente rodeados de casas, casebres, fábricas barracos e favelas.O progresso foi chegando de forma desordenada e na esteira da industrialização paulista, o povoado tranqüilo de Caaguassu se transformou na grande Itaquera de hoje.
Parque do Carmo, em Itaquera: lazer na antiga fazenda
Os primeiros relatos sobre a área datam do século XVI, mas a ocupação se efetivou no século XVIII, quando foi doada à Província Carmelita Fluminense, que então iniciou o cultivo de café, laranja, verduras e criação de gado.
A área ocupada pelo Parque do Carmo, com mais de 1,5 milhão de metros quadrados, integrava originalmente a Fazenda Caguassu, cuja área total ultrapassava os sete milhões de metros quadrados. Os primeiros relatos sobre sua existência datam do século XVI, mas sua ocupação se efetivou somente no final do século XVIII, quando foi doada à Província Carmelita Fluminense (atual Ordem Terceira do Carmo) e transformada em fazenda pelos religiosos, que cultivavam café, laranja, chá, verduras e criavam gado.
Os carmelitas dividiram a fazenda em várias glebas no começo do século XX. Uma delas foi adquirida em 1919 pelo Coronel Bento Pires de Campos, que ali instalou a Companhia Comercial Pastoril e Agrícola e abriu um loteamento. Uma imagem de Nossa Senhora do Carmo encontrada na capela da casa sede inspirou o nome do lugar: Fazenda Nossa Senhora do Carmo ou, simplesmente, Fazenda do Carmo.
O que restou da antiga fazenda foi vendido para o empresário paulista Oscar Americano, em 1951. Finalmente, em 1976, a área foi desapropriada pela prefeitura para transformá-la em parque público, oferecendo lazer aos moradores de Itaquera e da Zona Leste em geral.
Nos últimos 10 anos, o Parque do Carmo passou por reformas estruturais para proporcionar maior conforto e opções de lazer aos seus milhares de visitantes. Extensa área verde está preservada, com cafezais e cerejeiras japonesas, seis lagos com pequenas ilhas e fauna variada. O Parque do Carmo também abriga museu, biblioteca, anfiteatro, um Centro de Educação Ambiental e um planetário recém instalado.
Fonte: Departamento do Patrimônio Histórico
As marcas do lazer e cultura na região de Itaquera
Como a existência da antiga Estação Ferroviária de Itaquera e do Parque do Carmo marcaram a vida dos moradores.
Uma das principais áreas de lazer de Itaquera é o Parque do Carmo, com 29 anos completos no dia 19 de setembro. Em uma área de 6 milhões de metros quadrados reúne o Centro de Educação Ambiental, um museu, horta com espécies medicinais, biblioteca, churrasqueiras, aparelhos de ginástica, campo de futebol, ciclovia e parque infantil.
Abriga ainda um dos dois planetários da capital, construído em parceria com a iniciativa privada em 2004. Para começar a funcionar, o Planetário do Carmo depende de vistoria de técnicos estrangeiros, prevista para acontecer até o final deste ano. O Parque Municipal Raul Seixas é outro ponto, freqüentado principalmente pelos moradores da Cohab II, vizinhos ao parque. Ali, a Casa de Cultura Raul Seixas oferece cursos e oficinas gratuitos na área das artes.
Um local que deixou saudade e que hoje só existe na memória dos mais antigos moradores, como Magdalena, é a Estação Ferroviária de Itaquera, cuja réplica da original de 1875 foi recentemente demolida para abrir caminho à obra das alças de acesso que ligarão a antiga Radial Leste à nova.
Na primeira metade do século XX, a Estação era um marco, tanto para encontros afetivos, como para encontros políticos. “Lá tinha o barzinho, a gente comia um pastelzinho e dali íamos para o cinema Itaquera”, recorda Magdalena, que ainda não se recuperou do baque sofrido na madrugada de 4 de junho de 2004, dia em que a estação foi ao chão.
Itaquera, uma região forjada a duras pedras
A pedra, durante quase um século, gerou empregos e movimentou a economia deste bairro que, em 6 de novembro, completará 352 anos. Itaquera, aliás, na língua dos índios guaianases, significa “pedra dura”.
O que o Obelisco do Ibirapuera, na Zona Oeste, e a Catedral da Sé, no Centro, têm a ver com Itaquera, na Zona Leste? Pedras. Tanto a base do monumento como as escadarias da Sé foram feitas com a matéria-prima que durante quase um século gerou empregos e movimentou a economia do bairro, que comemora seu aniversário no dia 6 de novembro. Itaquera, aliás, na língua dos índios guaianases, significa “pedra dura”.
Muito da história de Itaquera foi documentada pela moradora Magdalena Pellici Monteiro, uma apaixonada por esse pedaço de terra, ou, de pedra. Magdalena tem catalogadas mais de 150 fotografias, antigas e atuais, sobre a região, e está sempre à procura de novos pontos para registrar, como o terreno ao lado do Metrô Corinthians-Itaquera, onde um shopping está em construção.
Magdalena constrói o elo entre o passado e o presente dessa que é hoje uma das regiões mais populosas da cidade, com cerca de meio milhão de habitantes distribuídos em quatro distritos: Cidade Líder, Parque do Carmo, Itaquera e José Bonifácio. Dos quase 500 mil itaquerenses, 180 mil vivem nos conjuntos habitacionais construídos pela Companhia Metropolitana de Habitação (Cohab-SP) a partir de 1978.
História documentada
Magdalena viveu por mais de 30 anos dentro da Pedreira União, a primeira a ser fechada, na década de 70. Seu pai, o imigrante italiano Orlando Pellicci, foi administrador da pedreira de 1926 a 1961. “Quando as pedreiras fecharam, houve um grande desemprego. As pessoas que trabalhavam lá não sabiam nem ler nem escrever direito, só sabiam fazer aquilo”, recorda a moradora.
O desemprego ainda assusta os itaquerenses e movimenta entidades e lideranças interessadas em minimizar o problema número um dos habitantes, principalmente os jovens, que representam quase 50% do total da população. É o caso da Obra Social Dom Bosco, comandada pelo padre Rosalvino Moran Vinãyo há 25 anos, e que atualmente atende a aproximadamente 6 mil jovens em situação de vulnerabilidade social, além de manter orfanatos, creches e trabalho de atendimento psicológico para adultos e famílias.
O núcleo profissionalizante da Dom Bosco é tão procurado que alguns dos cursos (moda, marcenaria, auto-mecânica, elétrica e construção civil, por exemplo) têm as vagas preenchidas até 2010. “Temos também o Gestão de Talentos. Quase todo os dias, empresários nos pedem, e nós encaminhamos os jovens”, afirma o Padre Rosalvino.
Cursos e reforço escolar
“Alguns estudam, fazem faculdade, mas muitos dos jovens daqui ficam na rua, outros se drogam”, conta uma das moradoras do Conjunto Habitacional José Bonifácio. Segundo ela, a violência é maior entre a faixa etária dos 14 aos 20 anos, mas, em geral, “o ambiente da Cohab é calmo”.
A associação, instalada na Cohab II desde março de 2004, oferece cursos de inglês, espanhol, secretariado, informática, além de reforço escolar, artesanato e o Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (Mova). Desde julho deste ano, os desempregados da região, jovens ou não, também podem recorrer ao Centro Cidadão, que a Prefeitura implantou na área central de Itaquera - rua Gregório Ramalho, 12 - para auxiliar os moradores na procura de um posto de trabalho.
Para o padre Rosalvino, assim como para lideranças comunitárias e empresários locais, no entanto, o futuro de Itaquera depende de obras e ações do poder público. Participante do Fórum de Desenvolvimento da Zona Leste, ele defende a obra de prolongamento da avenida Jacu-Pêssego até a rodovia Ayrton Senna e a criação de uma universidade federal na área.
Investimento
Ao longo das últimas décadas, a região vem perdendo muitas indústrias, atraídas pelos benefícios e isenções fiscais oferecidos por municípios vizinhos. “Tem que desenvolver, para que os habitantes daqui trabalhem no bairro e não sejam mais obrigados a se locomover durante horas para trabalhar”, enfatiza Rosalvino.
Quanto à obra de extensão da Jacu-Pêssego, iniciada no ano passado por meio de uma parceria entre a Prefeitura e o governo federal, a administração municipal aguarda a solução de um impasse judicial para retomá-la. Um acórdão do Tribunal de Contas da União suspendeu os repasses, da ordem de R$ 45 milhões, liberados em dezembro de 2004, por supostas irregularidades no contrato. A proposta orçamentária da Prefeitura para 2006 destaca R$ 233 milhões para a conclusão da obra que fará a interligação com a Ayrton Senna.
O fortalecimento do Pólo Industrial de Itaquera, criado oficialmente pelo governo do Estado em 2004, é um objetivo compartilhado pela Associação de Indústrias da Região de Itaquera (Airi). Fátima Andrijic Marinera, presidente da associação e dona de uma indústria de artefatos de borracha do pólo, acredita que a obra da Jacu-Pêssego, a conclusão da extensão da Radial Leste até Guaianases e a concretização dos incentivos fiscais previstos pela lei nº 13.833 sejam os passos fundamentais para esse desenvolvimento.
Das 80 indústrias associadas à Airi, até o momento apenas 16 conseguiram obter os incentivos aprovados em maio de 2004 para empreendimentos na zona leste (redução de ISS e IPTU e Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento - CID - em troca de investimentos realizados, por exemplo). “Acredito que se os incentivos se tornarem uma realidade conseguiremos trazer grandes indústrias, ampliar a oferta de empregos e resolver parte da enorme carência de Itaquera”, analisa.
Os imigrantes japoneses
Em Itaquera, próxima ao Pólo Industrial, está uma das maiores áreas verdes de São Paulo, a Área de Preservação Ambiental (APA) do Carmo. Lá se encontram chácaras, em geral de descendentes de imigrantes japoneses, onde resistem o cultivo de flores e frutas e a prática da pesca. A chácara da família Yoshioka é uma das mais antigas da região e atualmente produz ameixa, flores para ikebana (técnica de arranjos japonesa) e mudas de cerejeira para a festa que acontece todo ano no Parque do Carmo.
Patrício, filho do imigrante japonês Guichi Yoshioka, mantém a tradição agrícola da família no mesmo pedaço de 50 mil metros quadrados adquirido pelo pai em 1937. Aliás, Guichi e outros imigrantes da colônia nipônica emprestam os nomes à maioria das ruas dali, na área delimitada pelo Parque Municipal do Carmo até a divisa com Guaianases e pelas avenidas John Speers e Ragueb Chofhi.
Vale destacar que John Speers e Jaime Ribeiro Wright eram os donos de grande parte da área quando os japoneses ali chegaram. A partir de 1925, de olho no potencial daqueles terrenos, lotearam suas fazendas e começaram a vender os pedaços para os imigrantes, interessados no “solo bom para o cultivo”.
“Gosto de Itaquera, o ar é excelente e tem as vias de acesso boas também”, comenta Patrício. Além da plantação para venda, ele e a mãe, Osame, de 93 anos, dedicam especial atenção à sua coleção pessoal de árvores. Dentre as espécies da coleção está um exemplar de Castanopcis (Shii, nome popular), cuja semente veio do Japão em 1954, trazida por um parente. Patrício era menino quando a árvore ainda tinha pouco mais de um palmo. Hoje, a Shii resplandece, frondosa, ao lado das casas onde vive com a esposa Rosa, filhos e netos.
Até 2000, no entanto, a marca da produção na colônia japonesa de Itaquera foi o pêssego, cultivado desde a década de 40. Não é à toa que uma das mais importantes vias da região teve durante décadas o nome de Estrada do Pêssego, e hoje leva a denominação de Jacu-Pêssego, variação que inclui o nome do principal rio que corta o distrito. De acordo com Patrício, os agricultores de Itaquera decidiram finalizar a produção de pêssego em razão da fragilidade da cultura, muito suscetível a doenças e insetos.
A tradicional Festa das Cerejeiras, que no último 7 de agosto chegou à sua 27ª edição, atrai os habitantes de toda a Colônia de Itaquera e descendentes japoneses de outras partes da cidade. Segundo os cálculos da Associação das Cerejeiras do Parque do Carmo, este ano, as mais de 1.500 unidades de Sakura (nome da árvore em japonês) foram contempladas por mais de 2.000 pessoas.
Delicadas flores
A variedade mais comum no Bosque das Cerejeiras existente dentro do parque é a Yukiwari, cuja florada acontece naturalmente em meados de agosto, mas é “acertada”, com o uso de produto químico, para o primeiro domingo de agosto, quando acontece a festa. A partir da estréia da florada, os interessados em praticar o Hanami (em japonês, hana significa flor, e mi, olhar) têm apenas cerca de 15 dias para apreciar as árvores vestidas das delicadas flores rosas.
Depois, é preciso esperar a próxima florada. “Vamos apreciar a flor que simboliza o Japão. A beleza é sensacional”, conta Patrício, que, com a família, ajuda a organizar a festa. Gratuito, a festa oferece ainda danças folclóricas, musicais e comidas típicas japonesas.
“Itaquera é rica de conhecimento e quero muito que os jovens continuem lutando por ela. Gostaria que essa geração se aprofundasse mais na história de seus antepassados para saber que eles tiveram um passado rico e que têm garra para seguir em frente”, resume Magdalena Pellici.
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