Conheça a história da Subprefeitura São Mateus
A história de São Mateus remonta ao século XIX. Mais precisamente ao ano de 1.842, época em que existia uma fazenda de propriedade de João Francisco Rocha, onde se criavam cavalos, carneiros e bois. Posteriormente, a fazenda foi adquirida por Antônio Cardoso de Siqueira, que optou por dividi-la em 5 (cinco) glebas.
Já no século XX, na década de 40, tudo não passava de uma grande fazenda: a Fazenda Rio das Pedras. Em 1.946, uma gleba de 50 alqueires de terras foi vendida à Família Bei (Mateo e Salvador Bei), dando origem a fazenda São Mateus. Dois anos depois da aquisição das terras, em 1948, Mateo Bei, o patriarca da família, decide lotear a área e vende os primeiros lotes com total sucesso, surgindo dessa iniciativa o bairro de São Mateus. Para personalizar a importância dela, foi celebrada a primeira missa em ação de graças, no dia 8 de Dezembro do mesmo ano, pelo bispo Dom Antônio de Macedo.
"Cidade São Mateus" foi o nome escolhido por Salvador Bei, em homenagem ao pai, Mateo Bei, que mais tarde teve seu nome dado, também, à primeira avenida do bairro (atualmente, o principal ponto de referência do bairro). O termo cidade foi empregado porque todos da Família Bei tinha convicção de que o bairro um dia se transformaria em uma grande cidade.
Nildo Gregório da Silva, já falecido, foi quem iniciou o trabalho de abertura das ruas em 16 de Dezembro de 1946, às 7 horas da manhã. Foi puxando burros, que ele, então, dava à abertura da Avenida Mateo Bei, exatamente no marco "zero", na Avenida Caguaçu, mais tarde Avenida Rio das Pedras.
Em meio às recordações, Nildo Gregócio da Silva, funcionário de uma empresa e responsável pela terraplanagem da Avenida, conta como tudo aconteceu: "Naquela época, eu morava em São Miguel Paulista e a minha empresa foi contratada por Mateo Bei para fazer o serviço. Não medimos esforços e sob o sol que despontava, demos início às obras, num clima de euforia e dedicação."
Mas Nildo continuava a residindo em São Miguel. Para chegar em São Mateus às 8 horas, tinha que sair de casa às 3 horas da madrugada, tomar três conduções e ainda andar cerca de 12 quilômetros a pé até o Largo Carrão para pegar outro ônibus. Essa via-sacra durou três anos, quando apareceu um pau-de-arara, muito comum na época, fazendo lotação. Ele trabalhou durante anos na aberturas das ruas e, em pouco tempo, assumiu a identidade de um defensor do bairro.
Foi Nildo Gregório da Silva quem fundo em 1952, a Associação Divulgadora "A Voz da Colina", um instrumento para as reivindicações de melhorias da região em diversos setores: transportes, educação, saúde e lazer. "Entra no ar a nossa divulgadora A Voz da Colina, uma voz amiga que cruza os céus de Piratininga". Esse prefixo ficou na história de São Mateus.
Mateo Bei foi, também, um lutador incansável que dedicou-se à formação cultural e sócio-econômica de São Mateus. Foram muitos anos de perseverança e fé. E, em agradecimento a tudo que fez por São Mateus, seu nome foi dado a uma praça, situada no inicio da avenida Mateo Bei.
Vindo a velhice, seus descendentes continuaram a trilhar pelo caminho que lhes ensinara o tenaz batalhador, da propriedade que a todos honra. Algum tempo depois os filhos e o genro adquiriram para mais de um milhão de metros quadrados, na antiga "Fazenda do Oratório" em homenagem ao respeito e às lições deixadas pelo ente querido; lotearam-na, fazendo da gleba uma verdadeira comunidade - que culminou em mais do que isso: um bairro-cidade.
Deixando um legado de lutas e conquistas como herança aos familiares e aos moradores de São Mateus, Mateo Bei faleceu em 11 de maio de 1956.
A EXPANSÃO
Esforço e dedicação sempre estiveram presentes na História da Cidade de São Mateus. Um bairro que nasceu e cresceu através das lutas populares. Aqui, pessoas de credos, raças e tendências políticas, das mais diversas, se reuniram num só objetivo: Transformar este lugar da Zona Leste da Capital num bairro de fato.
Assim, era chegada a hora do comércio ocupar seu espaço e dar um novo impulso ao recente bairro. O primeiro ponto comercial do bairro surgiu em 1949, o Empório do Eustáquio, seguido pelo Empório do Maninho no ano seguinte.
Os lotes da Avenida Mateo Bei valorizavam a cada dia (o valor de um lote de 350 m² custava 7.500 cruzeiros) e a solidariedade foi o fator básico para o crescimento de São Mateus. A Loteadora Bei Filho doava 500 telhas e dois mil tijolos aos novos proprietários (material este transportado das olarias em carros-de-boi), que, através de mutirões, levantavam suas casas.
Tudo era muito difícil naquela época, principalmente o transporte. Como não havia empregos no bairro, os moradores tinham de se deslocar para o centro ou então para os outros bairros. No início a Jardineira do Manoel, ou pau de arara, era o único meio de transporte e levava os moradores até o Largo do Carrão.
Em 1950 dois ônibus começaram a fazer o itinerário até a avenida João XXIII. O percurso era longo e as ruas cheias de buracos e poeira. Os passageiros tinham que dividir o espaço com galinhas e outros animais, além das tranqueiras que eram transportadas. Em dias de chuva, era impossível realizar todo o percurso, sendo necessário várias baldeações.
Foi somente em 1952 que a primeira linha de ônibus coletivo passou a funcionar (através da Empresa Cometa) indo até a Avenida Sapopemba. Depois veio a empresa de ônibus Vila Carrão. Outras empresas se instalaram no bairro nas décadas de 70 e 80, contudo, até os dias de hoje o transporte é um dos principais problemas do bairro.
Foi na década de 50 que os moradores se organizaram para pedir melhorias. Primeiro pediram escolas, iluminação e transporte. Depois, a luta foi pela implantação do asfalto, redes de água e esgoto, iluminação pública e outros serviços, como delegacias e agência dos Correios.
A construção de uma escola para São Mateus foi uma luta árdua dos moradores, pois a escola mais próxima distanciava sete quilômetros, entre Vila Nova Iorque e Vila Antonieta. A maioria das crianças ia a pé, porque não dispunha de dinheiro para pegar condução. Segundo constam os historiadores, em 1952, o estupro de uma criança de dez anos foi a gota d'água para que outra luta começasse. Somente em 1955, a Secretaria da Educação e Cultura construiu um galpão de madeira. Era a primeira escola de São Mateus que nascia.
Os problemas cresciam e a comunidade teria que ser mais rápida. Outro fato que merece registro diz respeito à fundação da paróquia - da Igreja Católica - que data de 1958.
Bairro que tem uma história de lutas: São Mateus tem a oferecer a seus moradores uma perspectiva de desenvolvimento que foge à estagnação econômica e ao pessimismo de alguns. São Mateus, até pelos exemplos de seu fundador Mateo Bei, não tem decepcionado aos que aqui investem - os que lutam em seu dia-a-dia, com perseverança e dinamismo, estão aí, no comércio, nos negócios e na vida cotidiana, colhendo os frutos.
Hoje São Mateus tem praticamente tudo: bancos, comércio diversificado, indústrias e setores de prestação de serviços. Recentemente, a briga foi pela implantação de um Cartório de Registro Civil, vitória esta conquistada com sua inauguração em 05/06/2000. Agora, a comunidade se esforça para organizar um movimento pela implantação de um Fórum: mais uma luta em prol do desenvolvimento.
Ecoturismo: uma trilha para o desenvolvimento de São Mateus
A capital tem ainda reservas de Mata Atlântica secundária em São Mateus. No entanto, estas áreas não são preservadas por lei e estão a cada dia perdendo mais território para as ocupações irregulares.
O roteiro ecológico de São Mateus oferece várias combinações para atender ao gosto do cliente: pode começar com uma trilha em meio à Mata Atlântica seguindo até a nascente de um rio. Depois, uma parada em uma chácara para recompor as energias com um almoço típico de fazenda. Para finalizar, uma relaxante pescaria ou uma subida até o topo do Morro do Cruzeiro para apreciar uma visão privilegiada da zona leste da cidade, a 990 metros de altura.
Poucos paulistanos sabem, mas a capital tem ainda reservas de Mata Atlântica secundária em São Mateus, na divisa com Cidade Tiradentes e Mauá. O problema é que estas áreas não são preservadas por lei e estão a cada dia perdendo mais território para as ocupações irregulares. A luta de moradores da região – liderados pela bióloga Vandineide Ribeiro dos Santos – é para transformar o que resta em uma APA (Área de Proteção Ambiental), a quinta de São Paulo.
São quatro os pontos de vegetação nativa incluídos no projeto da APA: o Morro do Cruzeiro, um dos mais altos de São Paulo; e as nascentes dos rios Aricanduva, Limoeiro e Palanque, no distrito de Iguatemi. O projeto da APA foi apresentado no ano passado mas não foi aprovado porque houve uma discussão a respeito dos limites do espaço, segundo Vandineide. “Há sugestões para que se torne um parque ou uma APA estadual”, diz. A bióloga alerta, no entanto, que há desvantagens nestas opções. “Para transformar em um parque a Prefeitura teria de comprar os terrenos, que são privados. E uma APA estadual levaria muito tempo em negociações e nós precisamos de ação imediata”.
Se chegar a ser transformada em uma APA, a área poderá ser explorada pelo ecoturismo e turismo rural, já que o objetivo em criar espaços como este é compatibilizar a conservação ambiental com o uso sustentável de parte dos recursos naturais. Com a possibilidade de gerar renda com o turismo, os proprietários dos terrenos ajudariam o poder público a fiscalizar as ocupações e o uso irregular das áreas protegidas. “Este é um bem de toda a cidade”, afirma a bióloga, lembrando que os rios da região alimentam o Tietê. Mas, graças às ocupações e à dificuldade de fiscalização, são poluídos apenas algumas centenas de metros após as nascentes.
São Mateus festeja aniversário lembrando as lutas de seus pioneiros
Hoje, 400 mil habitantes vivem, em sua maioria, em condições de pobreza, mantendo-se com metade da renda média do município de São Paulo como um todo.
Lá no extremo leste de São Paulo, na divisa com o município de Mauá, está São Mateus. São cerca de 400 mil habitantes que vivem, em sua maioria, em condições de pobreza, mantendo-se com metade da renda média do município de São Paulo como um todo. Dez por cento destas famílias vivem em favelas, como a do Jardim Tietê e a do Parque das Flores, onde, aliás, apesar do nome, restam pouquíssimas árvores. Dos seus três distritos – São Mateus, São Rafael e Iguatemi – o que apresenta situação social mais grave é o último. Com perfil rural, muitas ocupações irregulares e pouca oferta de empregos, Iguatemi ostenta o segundo pior índice no mapa da Exclusão/Inclusão Social da Cidade de São Paulo, elaborado em 2000. São Rafael ocupa o 7º lugar e São Mateus a 38ª posição entre os 91 distritos da capital.
As dificuldades sempre fizeram parte da história de São Mateus. Até o ano de 1946 a região não passava de uma grande fazenda. O proprietário, Antonio Cardoso de Siqueira, dividiu as terras em glebas e uma delas, com 50 alqueires, foi comprada pelo imigrante italiano Mateo Bei. Foi só então que o destino do lugar começou a mudar.
Decidido a lotear a terra, hoje a parte baixa da avenida que leva o seu nome, Bei não conseguia levar adiante seus planos devido às longas distâncias até a “cidade” e a ausência de meios de transporte – os ônibus só começaram a operar em 1952. A solução foi oferecer material de construção para quem comprasse os lotes. Os tijolos e telhas eram transportados em carros de boi e as casas eram geralmente construídas em sistema de mutirão.
Outro nome que inspira respeito aos são-mateuenses é o de Nildo Gregório da Silva, que iniciou o trabalho de abertura das ruas em 1946. Como morava em São Miguel Paulista, Silva acordava às 3h da manhã e pegava três “conduções” para chegar em São Mateus. Até que, cansado de passar boa parte no caminho entre a casa e o trabalho, optou por se estabelecer no bairro e deu início à luta pelo desenvolvimento regional. Em 1952 fundou a associação "A Voz da Colina", um inovador serviço de alto-falantes puxados por carroça por meio do qual a população apresentava suas reivindicações nas áreas de transportes, saúde e educação. O slogan da associação - "Entra no ar a nossa divulgadora A Voz da Colina, uma voz amiga que cruza os céus de Piratininga”, ficou na memória dos são-mateuenses.
Foi graças ao empenho dos moradores que São Mateus ganhou sua primeira escola, um galpão de madeira improvisado, em 1951 e uma escola estadual em 1953. A avenida Mateo Bei, principal via, esperou pelo asfalto até 62 e a rede de água só chegou em 76. Hoje a Subprefeitura trabalha na construção de cinco escolas, um posto de saúde e na pavimentação de 12 ruas. Durante boa parte de sua história São Mateus caracterizou-se como área rural - sobretudo os distritos de São Rafael e Iguatemi - e de ocupação menos intensa que outras regiões vizinhas, como São Miguel Paulista e Itaquera, impulsionadas pelos eixos rodo-ferroviários. A ocupação foi aumentando especialmente no final dos anos 50, com o estabelecimento da indústria automobilística na região do ABC e a necessidade crescente de mão-de-obra.
Uma das atuais lutas de São Mateus é política e digna de seu fundador. Desde o início dos anos 80, um grupo de moradores sonha com a emancipação do bairro, e até já criou uma bandeira para o futuro município. O presidente do Conselho pela Emancipação, Benedito Carlos Ângelo da Silva, acredita que o bairro teria mais chances de se desenvolver de forma independente. “Nós temos população e estabelecimentos comerciais em número suficiente”, garante ele. A avenida Mateo Bei é o principal pólo de comércio e serviços.
No final da década de 80 um deputado chegou a apresentar na Assembléia Legislativa um projeto de emancipação, mas este não foi aprovado. Nem por isso o grupo desistiu. Atualmente, segundo Carlos Ângelo, o Conselho tem se dedicado a estudos e aguarda o momento oportuno de fazer uma nova tentativa.
A bandeira de São Mateus, criada por Carlos Ângelo com arte e desenho de Edson Sebastião Pereira, é cheia de significados. Tem oito listras azuis, em homenagem ao ano nacional da mulher; oito listras brancas, simbolizando a paz; um triângulo, que com seus lados iguais reflete a união entre instituições e população; verde da esperança; ouro da riqueza e uma corrente. A idéia da corrente foi inspirada no profeta Kalil Gibran, que escreveu: “a corrente não é mais forte que seu elo mais fraco”. Na adaptação de Carlos Ângelo, “a família não é mais forte que seu membro mais fraco”, ou seja, a luta é também para que São Mateus seja um lugar menos desigual.“É preciso criar condições para que todos cresçam”, defende.
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