sábado, 20 de junho de 2009

Era uma vez a terra da garoa



Tudo começou em 25 de janeiro de 1554

Vamos passear juntos com as histórias narradas pelo jornalista Levino Ponciano

1599: o primeiro comerciante

Nesses tempos bicudos, a vila era pobre e vazia, mas a Câmara Municipal achou por bem haver um local que tivesse “cousas de comer e beber” e que também servisse para os raros forasteiros dormirem. Assim foi dada licença a Marco Lopes para abrir o primeiro restaurante da vila, onde se serviam carne, farinha, doces e outras coisas, além de ser pousada de visitantes. Não se tem registro do nome do estabelecimento infelizmente.
Em seguida, a Câmara recebeu pedidos de abertura de lojas e vendas. A primeira loja de são Paulo foi aberta em 1599. Após ela, vieram outras: sapataria, carpintaria, barbearia, alfaiataria. Ainda assim, as vacas passeavam pelo centro, sujando a igreja.
Somente a partir de 1601, a vila da penúria e começou a tomar forma de cidade e em 1603, a cigana Francisca Roiz abriu sua venda.

1600: O muro de proteção

Os primeiros anos de 1600 encontraram a vila ainda engatinhando e cercada por um grande muro de taipa para proteção contra os constantes ataques dos indígenas. Em 1665, a igreja do Pátio do Colégio já estava em ruínas. As primeiras ruas ainda sem nome começavam a aparecer ia-se formando o famoso e histórico Triângulo, em cujos vértices ficavam os conventos de São Francisco, de São Bento e do Carmo.

1639: a mulher que lia e escrevia

Consta nos anais da história paulistana que, em 1639, a primeira mulher que dominava a leitura e a escrita na Vila de Piratininga nem era uma paulistana autêntica. Tratava-se de uma exuberante baiana que cá estava porque se casara com o bandeirante Luís Pedroso de Barros. Dona Leonor Siqueira e Araújo, esse era seu nome, além de dada às letras, era muito rica e de tradicional família baiana. Foi ela a primeira mulher a assinar um documento oficial em São Paulo.


1651: nossas belas ruas

Até o século XIX, nas ruas do Triângulo, concentravam-se o comércio a rede bancária e os primeiros serviços de são Paulo. Assim nasceram a “rua de são Bento para São Francisco”, a “rua que vão direto para Santo Antônio”, a “rua que vai para Nossa Senhora do Carmo”, a “rua onde mora Pedro Furtado”, e outras mais, em 1651m batizaram-se a rua de são Bento e, em 1667, a rua de Boa Vista.
Por esses tempos, as grandes fazendas foram-se instalando e atingiram vastas extensões de terra, alcançando regiões como Butantã, Pinheiros (considerado o primeiro bairro paulistano), Ipiranga, Mooca, Jaraguá, Tremembé, Santo amaro e outras. Eram tão extensas que os vereadores alegavam ausência às sessões da Câmara devido à distância e aos péssimos caminhos.
Em 1693, descobriu-se ouro pico do Jaraguá e em outras cidades. Estava dada a largada para o crescimento da Vila de Piratininga. No fim do século, eram 4 mil os seus habitantes.

1711: não mais vila, e sim cidade

D. João V, rei de Portugal, criou, no ano da graça de 1709,a Capitania de São Paulo e Minas do ouro e, em 11 de junho de 1711, por meio de carta régia, elevou a Vila de são Paulo de Piratininga à categoria de cidade, com direito a um delegado seu. Mesmo assim, a cidade continuava um lugar habitado por pobres; tanto que, em 1713, uma só casa foi digna de ser aproveitada para residência dos futuros governadores: a do bandeirante Fernão Pais de barros.

1745: habemus bispo

Um sinal de sucesso de são Paulo: o Bispado de São Paulo, importante passo para a instalação da administração eclesiástica foi criado em 29 de abril de 1745 e, para o posto, Benedito XIV nomeou dom Bernardo Rodrigues Nogueira. Nesse dia a cidade tomou um ar de festa raramente visto para receber seu primeiro bispo. Geraldo Dutra de Moraes conta que a festança teve cunho religioso e profano e contou com a coexistência pacífica de brancos, índios, negros e mamelucos; nobres e pobres; militares e, claro, políticos.

1772; os primeiros camelôs

Ao que parece, nós paulistanos temos tradição em banca de camelôs, mascates e similares. O problema que a Paulicéia desvairada vem enfrentando há décadas com os camelôs não é novidade nenhuma. Em 1772, o procurador do Senado da Câmara Municipal determinou, por meio de edital, que fosse proibido o comércio nas ruas de São Paulo, uma vez que muitas pessoas passaram a vender tecidos e outras quinquilharias de porta em porta. Tal prática estava dando grande prejuízo aos comerciantes legalmente estabelecidos e pagantes dos impostos.

1809: as ruas ganham nome oficial

Nos seus primeiros tempos, a Vila de São Paulo nem nome de ruas tinham. Era um tal de “moro ao lado do defunto Gonçalo Nunes”, ou de “junto à igreja de São Francisco”, ou mesmo de “pegado com o vigário Bento Antunes”. Se fosse fora do Triângulo,a moradia era declarada “nos arrabaldes da vila”. Estava no tempo de mudar isso; a final, a cidade queira crescer.
Então, em 1809, por ordem do ouvidor-geral e com o declarado objetivo de facilitar o lançamento dos impostos, a Câmara determinou a numeração dos edifícios e a inscrição, nos logradouros públicos, dos nomes pelos quais eram conhecidos.

Estas histórias foram tiradas do Livro “Todos os Centros da Paulicéia”, de autoria do jornalista Levino Ponciano

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