O bairro que mais parece uma cidade
Assim é a Cidade Tiradentes, situada no extremo leste da capital, a 35 quilômetros do marco zero da cidade, a Praça da Sé.
O Distrito de Cidade Tiradentes abriga o maior complexo de conjuntos habitacionais da América Latina, com cerca de 40 mil unidades. Um complexo produzido por uma visão de ação pública que compreende o urbano de forma instrumental e produtivista.
A Cidade Tiradentes concentra mais de 40 mil unidades habitacionais, a maioria delas, construídas na década de 1980 pela COHAB (Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo), CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo) e por grandes empreiteiras, que inclusive aproveitaram o último financiamento importante do BNH (Banco Nacional da Habitação), antes de seu fechamento.
O bairro foi planejado como um grande conjunto periférico e monofuncional do tipo “bairro dormitório” para deslocamento de populações atingidas pelas obras públicas, assim como ocorreu com a Cidade de Deus, no Rio de Janeiro.
No final da década de 1970, o poder público iniciou o processo de aquisição de uma gleba de terras situada na região, que era conhecida como Fazenda Santa Etelvina, então formada por eucaliptos e trechos da Mata Atlântica. Prédios residenciais começaram a ser construídos, modificando a paisagem e local começou a ser habitado por enormes contingentes de famílias, que aguardavam na “fila” da casa própria de Companhias habitacionais.
Além da vastidão de conjuntos habitacionais, que passaram a predominar na região, cerca de 160 mil pessoas que compõem a chamada “Cidade Formal”, existe também a “Cidade Informal”, formada por favelas e pelos loteamentos habitacionais clandestinos e irregulares, instalados em áreas privadas e que são habitados por cerca de 60 mil pessoas.
A Cidade Tiradentes possui, portanto, uma população estimada em 220 mil habitantes que estão, de certa forma, separados por dois níveis de pobreza: há 71 equipamentos na cidade formal e 3 na informal; a renda média do chefe de família varia de 500 a 1200 reais na Cidade Formal e de 200 a 500 na Informal; o analfabetismo vai de 0 a 10% na Cidade Formal, ao passo que na Informal o índice fica entre 10 e 20%.
As áreas ocupadas pela população da Cidade Informal são lacunas deixadas na construção dos prédios da Cohab; ocupações nas bordas dos conjuntos, e também de expansão da mancha urbana.
A identidade dos moradores de Cidade Tiradentes está diretamente ligada ao processo de constituição do bairro, feita sem um planejamento pré-estabelecido, que levasse em conta as necessidades básicas da população. Muitas pessoas vieram para a Cidade Tiradentes em busca da realização do sonho da casa própria, embora boa parte tenha se deslocado a contragosto, na ausência de uma outra opção de moradia. O fato de não terem encontrado no local uma infra-estrutura adequada ás suas necessidades e da região oferecer escassas oportunidades de trabalho, fez com que passassem a ter Cidade Tiradentes, como bairro dormitório e de passagem e não de destino.
Prédios na Mata Atlântica
A subprefeitura Cidade Tiradentes, localizada no Extremo-Leste do Município, abrangendo 15 km², começou a tomar forma a partir da aquisição da Fazenda Santa Etelvina, pela Prefeitura, nos anos 70.
A área, então composta por Mata Atlântica, eucaliptos, lagos, córregos, nascentes e olarias artesanais familiares, passou a ser ocupada por conjuntos habitacionais da Cohab (Companhia Habitacional).
A construção desses prédios, que acompanhou o processo de industrialização do Brasil, era destinada a enormes contingentes de famílias, que aguardavam na fila da casa própria.
Um dos principais problemas da região foi justamente o equacionamento desse aumento populacional com as demandas de seus moradores, em áreas chaves como transportes e saúde.
O distrito é ligado por quatro eixos viários: o primeiro é a estrada do Iguatemi, que faz a ligação com as regiões de São Mateus, Itaquera e Guainases; o segundo é a Avenida dos Metalúrgicos, na área central da cidade, que concentra os serviços públicos; o terceiro é formado pela Avenida dos Têxteis, que se dirige em parte para o fundo de vale da Avenida dos Metalúrgicos e para o fundo de vale da avenida projetada Naylor de Oliveira.
O quarto eixo é composto pela Avenida Inácio Monteiro, que permite acesso à parte leste do conjunto. Outra via importante é a Avenida Sara Kubistchek. Na área de saúde, o distrito possui um hospital privado, 10 unidades básicas de saúde, 1.601 leitos e um hospital em construção. O PSF (Programa de Saúde da Família) da Cidade Tiradentes funciona com 22 equipes.
A região dispõe de 25 linhas de ônibus, cujos principais destinos são os terminais Parque Dom Pedro II, Princesa Isabel, São Mateus, estações do Metrô e da CPTM.
O tempo estimado de viagem até o centro é de aproximadamente 1h50, mas os moradores do bairro dizem que levam até duas horas e meia para fazer o percurso.
Expresso Tiradentes
O corredor expresso Parque D. Pedro–Cidade Tiradentes, em implantação, tem investimentos previstos de R$ 700 milhões. O primeiro trecho, ligando o Parque D. Pedro ao Terminal Sacomã, foi entregue em março de 2007.
Com percurso total de 32 quilômetros de extensão, o corredor ligará a Cidade Tiradentes ao Centro, beneficiando entre 350 e 400 mil passageiros que moram no bairro e outras regiões da Zona Leste. Com o corredor, a viagem será reduzida para menos de uma hora.
O projeto indica ainda que haverá arborização de todo o trajeto até Cidade Tiradentes. Técnicos prevêem que em cinco ou dez anos a feição de toda a região atendida pelo corredor será transformada, com um modelo diferente de ocupação e novos empreendimentos.
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