sábado, 13 de junho de 2009

Vila Prudente

Foto antiga da Vila Prudente

Igreja da Vila Zelina



História de Vila Prudente
VILA PRUDENTE - 04 de outubro de 1890Criação do distrito: 1938
Vila Prudente nasce no século XVI, com a doação de terras abandonadas a João Ramalho, para que este povoasse o local.
No século XIX, em 1829, o negociante João Pedroso adquiriu parte das terras para formação de sítios, criação de gado e cultivo de árvores frutíferas.Essas terras, até então conhecidas como Caguassu, são o que hoje conhecemos como Vila Ema, Vila Diva e Vila Guarani.
Os baixos do Zimbauba – Vila Zelina, Vila Bela e Jardim Independência – foi aos poucos sendo dominado por Pedroso, que chegou a comprar também o alto do Embauba – Vila Alpina, Parque São Lucas – e o Sítio Grande – Parque Santa Madalena, Fazenda da Juta, Vila Industrial e Jardim Guairaca.
As terras de João Pedroso foram herdadas por seus filhos. Entre eles, Antônio Pedroso, que junto com sua esposa Martinha Maria desenvolveram a pecuária. Em 1870 Martinha Maria, já viúva, era proprietária de mais da metade das atuais Vila Prudente, Mooca e Belenzinho.Nessa mesma época, a companhia férrea SP Railway instala na propriedade de Martinha Parte da linha Santos – Jundiaí.
A fundação de Vila Prudente acontece em 4 de outubro de 1890 quando os irmãos Falchi compram as terras de Martinha Maria, visando a construção de uma fábrica e loteamentos para moradia de operários.
O então Presidente do Brasil, Prudente de Moraes prestou apoio direto à iniciativa dos Falchi, sendo homenageado com o batizado do nome da “Vila Prudente de Moraes”.Com a instalação da fábrica de chocolates Falchi, Vila Prudente se desenvolve, proporcionando ofertas de empregos a italianos, espanhóis e portugueses.
Com a implantação de indústrias de papelão, cerâmica, louças e tecelagem, o sistema de transporte evoluiu, através dos ônibus e bondes, assim como os recursos de lazer.Em 1923 Vila Prudente ganha autonomia política, pois até então era subordinada ao Ipiranga, oficializando na mesma época e Rua Capitão Pacheco e Chaves.
Paralelamente ao desenvolvimento dos bairros, vão surgindo também os problemas característicos das grandes metrópoles, surgindo então em 1940 a Favela de Vila Prudente, formada basicamente por migrantes e trabalhadores da construção civil.
Com a inauguração da AR/VP, em 1973, facilita o acesso dos moradores locais ao Poder Público Municipal.
PARQUE SÃO LUCAS - 20 de janeiro de 1944Criação do Distrito: 1991
O Parque São Lucas surgiu em 1944 e nessa época, a região era apenas um grande brejo, a leste da capital. Essas terras pertenciam aos irmãos Antônio, Luís e Domingo de Luccas, cujo sobrenome deu origem ao nome do futuro bairro.
Francisco Fett, um imigrante alemão chegado ao Brasil logo após o término da Primeira Guerra Mundial, foi um dos fundadores do bairro. Com o capital da venda de uma cervejaria que possuía em Munique, comprou uma gleba de terras, com estradas de terras e muitas inundações, conhecido até então como Parque Santa Maria.
O bairro se consolida, com o passar do tempo, com o surgimento de forte comércio e novas moradias.

SAPOPEMBA – 26 de junho de 1910Criação do distrito: 1985
A história de Sapopemba está viva na memória de seus moradores mais antigos. O primeiro nome dado à região pelos imigrantes italianos foi Monte Rosso, devido à terra vermelha, própria para a agricultura e fabricação de telhas e tijolos. Depois veio o nome Sapopemba, originário da árvore Sapopema, espécie comum na Amazônia que desenvolve raízes de até 2 metros de altura ao redor de seu tronco.
Mas foram os portugueses os responsáveis pelo povoamento do bairro, que transformaram as grandes extensões de terras férteis em chácaras de plantação de verduras. Américo Colaço Secco, morador da região desde 1923, conta que os filhos sempre ajudaram no trabalho da roça: "Tudo o que plantávamos era vendido no mercado da Rua da Cantareira, próximo do Parque Dom Pedro", lembrando o tempo em que o local era todo de madeira.
José Annes, 82, é outro morador com história para contar. Ele diz que em 1924, durante os 28 dias da Revolução, foi expulso de casa com sua família pela artilharia carioca e mineira, e teve que fugir em carros de boi. Segundo Annes, a agricultura foi introduzida na região pelos imigrantes portugueses. "As pessoas que moravam aqui viviam de cortar as árvores que já existiam e vender os feixes de lenha para as padarias do Belém", afirma.
O evento mais importante da história de Sapopemba foi a chegada da imagem de Nossa Senhora de Fátima, vinda de Portugal em 1931. Encomendada por João Alves Pereira, a imagem só foi liberada pela alfândega depois que uma comissão de moradores pagou 3 contos de réis, valor que Pereira não dispunha. "Cada um deu o que podia, mas todos contribuíram", conta Secco, filho de um dos integrantes da turma que pagou a taxa alfandegária.
Aí então, uma procissão grandiosa levou a estátua da santa até Sapopemba. "O grupo que carregava a imagem partiu da Rua Padre Lino, na Quarta Parada, e outro saiu da Igreja de São Roque, onde hoje é a Paróquia de Nossa Senhora de Fátima e São Roque", afirma Annes, lembrando os momentos que viveu aos seus 16 anos. O encontro dos dois grupos aconteceu na Capela de Santa Cruz, na Estrada da Barreira Grande.
Mais tarde, ao lado da antiga Igreja de São Roque, foi erguido um santuário para a imagem da santa. famílias influentes da região.
Festa - A tradicional Festa de Nossa Senhora de Fátima, realizada nos meses de maio durante os últimos 76 anos, era a data em que Paulino da Silva reservava para visitar seus parentes em Sapopemba. Morando em São Paulo desde 1957, quando deixou o interior paulista, Silva decidiu mudar-se para a região em 1981. "Sempre tive uma simpatia muito grande pelo bairro", garante ele.
Hebe Camargo - O mineiro Edivino José de Souza conta que devido à falta de qualquer tipo de transporte público em Sapopemba, sua mudança para a casa que comprara no bairro em 1952 teve que esperar alguns anos: "Só mudei em 1958 e, mesmo assim, tinha que ir de caminhão pau-de-arara até Água Rasa, onde tomava o bonde para o centro", conta.
Souza lembra, com saudade, das paqueras na porta da igreja. "Depois da missa, os casais namoravam no Cine Sapopemba ou iam à 'cidade'", relembra. No centro, o destino era o auditório da Rádio Nacional. "Assistíamos ao programa da Hebe Camargo, às 20 horas, no domingo", revela sorridente.
Escola de Samba - O bairro tem uma escola de samba, a Combinados de Sapopemba, fundada em 12 de dezembro de 1984. Presidida por Zilberto José da Silva, suas cores oficiais são vermelho, branco, verde e preto.
A Escola é originária do já extinto bloco carnavalesco "Café com Leite", que desfilou apenas por 4 anos pelas ruas de Sapopemba; suas cores, vermelha e branca, vieram em conseqüência das fantasias oriundas da Escola de Samba Paulistano da Glória, onde desfilavam a maioria dos componentes do bloco, e que depois do desfile oficial, com a mesma fantasia, faziam o carnaval de Sapopemba.
Em 1984, Mestre Saraiva, o primeiro presidente, juntamente com sua diretoria, conseguiram a filiação na União das Escolas de Samba Paulistanas - UESP, e assim a Escola passou a desfilar oficialmente na categoria de Escola de Samba, fazendo grandes carnavais, em uma linha de homenagens à celebridades paulistanas.
Inesita Barroso (1992) campeã, Maurício de Souza (1993), Jair Rodrigues (1994) campeã, Tonico e Tinoco (1995), todos eles desfilaram com a escola, e Inesita Barroso continua desfilando até hoje, ela que é a Madrinha da Ala de Compositores."



Vila Prudente/Sapopemba. Como a cidade ocupou as velhas fazendas da Zona Leste
Segunda subprefeitura mais populosa de São Paulo, com 523.676 habitantes em 33,3 km², Vila Prudente/Sapopemba tem mais moradores do que a cidade de Ribeirão Preto, interior paulista, que tem 651 km² e cerca de 504.923 habitantes.
No início do século XX, enquanto o bairro de Vila Prudente se desenvolvia industrialmente e apresentava seus primeiros traços urbanos, Sapopemba vivia ainda dos pastos, da lavoura e dos pomares. Espremido entre esses dois bairros, está o Parque São Lucas, região de terras alagadas, que só viria registrar crescimento econômico significativo a partir da década de 1950, com o comércio local. Realidades socioeconômicas distintas, que perduraram por anos, e que acabaram por definir os traços atuais de cada um desses três distritos da zona Leste, que formam a Subprefeitura de Vila Prudente, a segunda mais populosa, com 523.676 habitantes, de acordo com o Censo de 2002 – atrás apenas da regional de Capela do Socorro.
Os distritos que formam a Subprefeitura Vila Prudente/Sapopemba são tão populosos quanto algumas importantes cidades Estado de São Paulo. De acordo com dados do Censo Demográfico de 2000, Ribeirão Preto, cidade do interior paulista, possui uma área de 651 Km², e tem cerca de 504.923 habitantes, quase 20 mil a menos que a subprefeitura, numa área de 33,3 km². “Quando eu deixo o burburinho da cidade, é pra Vila Prudente que eu vou. Eu vivo lá na vila há tantos anos, desde quando aquelas ruas pobrezinhas eram simples e descalças, como eu de pé no chão”. Certamente, Lauro Miller, autor desse samba, interpretado por Silvio Caldas nos anos 60, não encontraria hoje tanta tranqüilidade na urbana Vila Prudente, com seu amontoado cinzento de ruas, casas e prédios. Difícil imaginar essa Vila Prudente repleta de grandes áreas verdes, propriedades rurais, fazendas de gados e pomares – visto a reduzida cobertura vegetal da região, atualmente.
Em 1829, o comerciante João Pedroso, dono de extensas áreas de Vila Prudente, utilizava as terras para pastos e cultivo de frutas. O terreno do comerciante correspondia às áreas conhecidas hoje como Vila Ema, Vila Diva, Vila Guarani, Vila Zelina, Vila Bela, Jardim Independência, Vila Alpina, Parque São Lucas, Parque Santa Madalena, Fazenda da Juta, Vila Industrial e Jardim Guairaca. Após a morte do comerciante, o herdeiro Antônio Pedroso, e sua esposa Martinha Maria, passaram a administrar as terras do pai.
Em 1870, pouco mais da metade do que é hoje a Vila Prudente, Mooca e Belenzinho, pertencia a Martinha Maria, já viúva na época. Vinte anos depois, ela venderia suas terras – denominada Campo Grande - a três irmãos, imigrantes italianos, que transformariam o grande terreno em uma próspera vila industrial.
No dia 7 de outubro de 1890, o jornal O Estado de S. Paulo publicava o “nascimento” da Vila Prudente em uma pequena nota que afirmava: “Nesta capital foi constituída uma empresa que adquiriu terras entre S. Caetano e Mooca, com o fim de estabelecer uma vila que terá o nome encima citado esta notícia (Vila Prudente), em homenagem ao governador do Estado, dr. Prudente de Moraes”.
Naquele ano, os irmãos Emídio, Panfílio e Bernardino Falchi, com auxílio do financista Serafim Corso, compraram a gleba de terra dos Pedroso e instalaram a primeira indústria da região, a Fábrica de Chocolates Falchi. Os Falchi tinham a pretensão de lotear e realizar outros negócios no grande terreno adquirido.
Assim, fundaram a Vila Prudente, novo bairro da zona Leste de São Paulo. A princípio o empreendimento dos três irmãos parecia uma investida audaciosa demais numa região com pouca mão-de-obra. Mas os Falchi não erraram ao investir na região.
O operariado da fábrica de chocolates foi constituído basicamente de imigrantes italianos, que vieram das regiões da Mooca, Ipiranga e Brás. Além disso, os irmãos promoviam mutirões para construção de moradias operárias no entorno da fábrica. Emprego e moradia, essa combinação fez com que se iniciasse um processo acelerado de povoamento da Vila Prudente.
A fábrica dos Falchi impulsionou o desenvolvimento industrial e comercial da região. No início do século XX, depois da fábrica de chocolates, vieram outras importantes indústrias, como a Cerâmica Vila Prudente, a Indústria de Louças Zappi, a Manufatura de Chapéus Oriente e a Fabrica Paulista de Papel e Papelão. De uma região quase deserta do final do século XIX, a Vila Prudente se transformava em uma grande vila fabril.
Com a chegada da rede elétrica e o desenvolvimento do sistema de transporte, Vila Prudente ganhou ares e infra-estrutura de uma cidade. Mas, junto ao desenvolvimento e a urbanização, vieram os problemas sociais. Em 1940, surge a primeira favela de Vila Prudente, formada basicamente por imigrantes e trabalhadores da construção civil. Hoje, o bairro possui nove favelas espalhadas em toda a sua extensão.
Reivindicações e necessidades bem antigas fizeram com que a Prefeitura realizasse projetos como o Cata-Bagulho e o projeto-piloto do Multi-Serviços Noturnos – ambos idealizados pela Vila Prudente/Sapopemba - e o corredor expresso Parque D.Pedro – Cidade Tiradentes, que irá ligar a região central até a Cidade Tiradentes.
Importantes vias da região da Subprefeitura Vila Prudente, como é o caso da Luís Inácio de Anhaia Melo, já fazem parte do trajeto das linhas semi-expressa. “Vila Prudente cresceu como a própria cidade de São Paulo, de maneira rápida, desorganizada e sem planejamento e isso trouxe uma porção de problemas para a região”, conta Newton Zadra, presidente do Círculo de Trabalhadores Cristãos da Vila Prudente, que está escrevendo um livro sobre o distrito.
Há 54 anos no bairro, Zadra diz que Vila Prudente vem se “descaracterizando”, devido ao surgimento de muitos bairros e vilas, e à mudança de sua vocação regional. “Em poucos anos, deixamos de ser uma grande região industrial para nos tornarmos uma área de comércio e serviços”, conta. Mas, apesar dos problemas sociais, a região é considerada a de melhor qualidade de vida, comparada a seus vizinhos.
O desenvolvimento econômico tardou a chegar ao Parque São Lucas. Conhecido como “grande brejo”, por causa de suas terras alagadas, não era uma boa região para a hortifruticultura. Somente a partir da década de 1950 é que são Lucas vai encontrar, no comércio, sua vocação regional.
“Demorou muito tempo para o bairro ter um comércio interno forte. Antes, tínhamos que sair daqui para conseguir mercadorias básicas do dia a dia”, afirma morador do bairro, Luiz Amaral, de 55 anos.
Ao contrário de São Lucas, as terras vermelhas de Sapopemba, não demoraram a mostrar a vocação regional do bairro. O terreno era ideal para o cultivo de verduras e para a produção de telhas e tijolos. Por muitos anos, essas foram as motrizes da economia do bairro de Sapopemba, que surgiu na década de 1920. Diferente de Vila Prudente, o povoamento do bairro se deu por imigrantes portugueses, que instalaram suas chácaras na região.
Com a urbanização de Sapopemba, como conseqüência do desenvolvimento econômico promovido pela agricultura local, o bairro passou a atrair populações novos moradores. Hoje, Sapopemba é o distrito mais populoso da subprefeitura, com 282.239 habitantes, e o que mais sofre com os problemas estruturais e sociais. São 34 favelas espalhadas em toda sua extensão.
“Sapopemba sofre com a falta de áreas e equipamentos de cultura e lazer. Existe apenas uma biblioteca para uma população de quase 300 mil habitantes”, afirma Laura Kamisaki, coordenadora do Comitê Pró-Festejos, organização formada por entidades comunitárias, comerciantes do bairro e imprensa local, que promove anualmente as comemorações do aniversário de Sapopemba – em 26 de junho – e realiza constantes ações sociais na região. Um dos projetos da entidade em andamento é a criação de mini-bibliotecas nas áreas de exclusão.
Sapopemba ficou conhecida como uma área violenta, de grande criminalidade na cidade de São Paulo. “Hoje temos uma região menos violenta, apesar das dificuldades que ela apresenta. Mas, a população que vive lá, com auxílio de organizações não governamentais e entidades comunitárias, está dando um pouco mais de si para melhorar o bairro, o que tem rendido bons resultados”, afirma Laura.
Atendendo a velhas reivindicações da população da região, Sapopemba, que possui uma reduzida cobertura vegetal, está entre as áreas que serão beneficiadas pelo programa de Arborização Urbana da Prefeitura. O nome do bairro é uma homenagem a uma velha árvore, típica da Amazônia, a sapopema, que por muitos anos foi um ponto de referência da região.

Nenhum comentário:

Postar um comentário